Se alguém lhe pedisse para descrever sua identidade para essa pessoa, por onde você começaria? Pela cor da sua pele ou pelas tradições culturais e ancestrais de sua família? Independente da resposta, o fato é que essa pergunta desconcertante muitas vezes leva as pessoas a separar suas identidades em duas partes: raça e etnia.
Essas palavras costumam ser usadas de forma intercambiável, mas, tecnicamente, são definidas como coisas separadas. Basicamente, raça é entendida pela maioria das pessoas como uma mistura de atributos físicos e comportamentais; já a etnia reconhece as diferenças entre as pessoas principalmente com base no idioma e na cultura compartilhada.
Em outras palavras, a raça é frequentemente percebida como algo inerente à nossa biologia e, portanto, herdado através das gerações. A etnia, por outro lado, é normalmente entendida como algo que adquirimos com base em fatores como onde vivemos ou a cultura que compartilhamos com outras pessoas.
Compreendendo o conceito de raça
A ideia de “raça” surgiu entre antropólogos e filósofos do século XVIII, que usavam a localização geográfica e traços fenotípicos como a cor da pele para colocar as pessoas em diferentes agrupamentos raciais. Isso não apenas formou a noção de que existem diferentes “tipos” raciais, mas também alimentou a ideia de que essas diferenças tinham uma base biológica.
O grande problema é que isso lançou as bases para a crença de que algumas raças eram superiores a outras, criando desequilíbrios de poder global que beneficiaram principalmente os europeus brancos sobre outros grupos, seja na forma do comércio de escravos ou através do colonialismo.
Os desdobramentos disso prevalecem nos dias de hoje. Até mesmo nas definições atuais de raça existe uma suposição subjacente de que traços como a cor da pele ou textura do cabelo têm fundamentos genéticos e biológicos que são completamente exclusivos de diferentes grupos raciais. No entanto, a base científica para essa premissa simplesmente não existe.
Em outras palavras, se você comparar os genomas de pessoas de diferentes partes do mundo, verá que a população atual está miscigenada como nunca, especialmente no Brasil.
Entendendo o conceito de etnia
Enquanto a raça é comumente atribuída a indivíduos com base em características físicas, a etnia tende a ser adquirida pelo indivíduo. Por englobar vários aspectos, desde a língua, à nacionalidade, cultura e religião, a etnia pode permitir que as pessoas assumam várias identidades. Com isso em mente, alguém pode escolher se identificar baseando-se em diferentes aspectos de sua identidade racial, cultura, ancestralidade e religião atribuídas.
Infelizmente, assim como no caso das raças, a já etnia foi usada para oprimir diferentes grupos, como ocorreu durante o Holocausto ou no conflito interétnico do genocídio de Ruanda, onde a etnia foi usada para justificar assassinatos em massa.
Mais do que uma construção social
Raça e etnia podem ser conceitos um tanto abstratos, mas isso não anula sua influência genuína no mundo real. Esses construtos exercem um poder imenso em termos de como as sociedades funcionam.
O legado desses conceitos também moldou a sociedade de maneiras que resultaram em realidades socioeconômicas muito diferentes para grupos distintos. Isso se reflete, por exemplo, em níveis mais elevados de pobreza para grupos minoritários, menor acesso à educação e saúde e maior exposição ao crime. Além do mais, a raça ainda é usada por alguns como motivação para perpetuar a discriminação contra outros grupos considerados “inferiores”.
Tudo isso pinta um quadro complexo, que pode nos levar a refletir sobre como devemos encarar as ideias de raça e etnia: devemos celebrá-las ou evitá-las? Bem, não há respostas fáceis, mas uma coisa é certa: embora ambas sejam retratadas como formas de compreender a diversidade humana, elas também exercem um certo poder como agentes de divisão.
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No fim das contas, o que devemos ter em mente é que nós, seres humanos, temos mais coisas em comum do que o contrário. O verdadeiro desafio para o futuro será enxergarmos isso, em vez focarmos somente em nossas “diferenças”.
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