Provavelmente, você não se lembra da sua festa de primeiro ou segundo aniversário. De fato, você nem sequer deve se lembrar de uma série de outros eventos que ocorreram nos seus primeiros anos de vida. No entanto, saiba que você não está sozinho! De um modo geral, nós raramente nos lembramos de quando éramos bebês.
É absolutamente normal esquecermos das nossas primeiras experiências, apesar de sua natureza crucial e influente em nossas vidas. A maioria dos adultos não consegue se lembrar dos primeiros momentos da vida, a menos que tais eventos sejam reforçados por outras pessoas que frequentemente os recontam ou essas memórias sejam desencadeadas por fotografias ou outras pistas.
Mas, afinal de contas, por que exatamente não lembramos de quando éramos bebês? É essa a questão que tentaremos explicar ao longo deste artigo!
As tentativas de compreender a amnésia infantil
O fato de não nos lembrarmos de quando éramos bebês está ligado a um fenômeno que os cientistas chamam de amnésia infantil. Embora você possa ter sido capaz de recordar a festinha do seu segundo aniversário meses depois de ela ter acontecido, um ano depois essas memórias podem ter desaparecido e, eventualmente, se perderam completamente.
Os pesquisadores apontam a alta taxa de renovação das memórias durante a infância como um possível culpado por rás disso, pois acreditam que uma série de novas experiências exige que algumas memórias antigas sejam forçadas a cair no esquecimento.
Essas mudanças geralmente estão ligadas à forma como as memórias são formadas à medida que as crianças envelhecem. A partir dos 7 anos, as crianças armazenam memórias cada vez mais lineares que se encaixam sucintamente em uma sensação de tempo e espaço. Consequentemente, o próprio ato de lembrar eventos e categorizá-los dentro dessa linha do tempo pessoal pode causar esquecimento.
Vale destacar que esse é um processo que faz com que crianças mais velhas e adultos acessem as primeiras memórias da vida somente à medida que relembram detalhes específicos sobre outros eventos.
Não lembramos de quando éramos bebês porque crianças formam memórias de maneira diferente
Para entendermos melhor por que não nos lembramos de quando éramos bebês, devemos primeiro entender como nossas primeiras experiências são “impressas” no cérebro.
Pois bem, em resumo, os bebês contam com memória semântica e episódica. A memória semântica é o processamento de ideias não retiradas das experiências pessoais (nomes de cores, por exemplo). Por outro lado, a memória episódica é extraída das experiências pessoais (como foi o primeiro dia de aula, por exemplo).
Com o tempo, a memória episódica pode se tornar memória semântica, de modo que você pode não se lembrar que aprendeu sobre cães ao brincar com seu primeiro cão; neste caso, você apenas sabe o que é um cão. Dito isto, os cientistas acreditam que o motivo pelo qual não podemos nos lembrar de eventos da infância pode ser a maneira como as memórias são armazenadas e acessadas.
Embora as memórias semântica e episódica sejam armazenadas em várias regiões da superfície do cérebro, conhecidas como córtex, é somente entre os 2 a 4 primeiros anos de idade que o hipocampo do cérebro reúne todas essas regiões díspares em uma fonte centralizada de informações. Basicamente, são essas as conexões que permitem que os seres humanos relembrem memórias de longo prazo.
Uma palavra final
Mesmo com todas as pesquisas em torno da amnésia infantil, não há respostas definitivas sobre exatamente quando perdemos a memória de ser um bebê. Mesmo entre o seu círculo de amigos, por exemplo, é provável que haja aqueles que se lembram das experiências da infância com mais nitidez do que outros.
Curiosamente, uma hipótese intrigante é que a capacidade de lembrar-se de ser um bebê pode estar ligada à ambidestria. Um estudo publicado na revista Neuropsychology sugeriu que pessoas que realizam tarefas tanto com a mão direita quanto com a esquerda podem ser capazes de se lembrar de memórias de infância formadas em uma idade mais precoce do que aqueles que são exclusivamente destros.
Acredita-se que isso possa estar ligado ao corpo caloso, um feixe de nervos que conecta os dois lados do cérebro e que geralmente se torna totalmente funcional aos 4 ou 5 anos de idade. Mais ou menos nessa mesma época, a amnésia infantil começa a desaparecer à medida que as memórias episódicas são codificadas e recuperadas no hemisfério esquerdo do cérebro.
Leia Também: Quantas pessoas existem no mundo?
Leia Também: Qual é a origem do aperto de mão?
O estudo levantou a hipótese de que o aumento da comunicação entre o cérebro direito e esquerdo poderia permitir que ambidestros codificassem e recuperassem as memórias iniciais de forma mais eficiente do que os destros. No entanto, mais estudos precisam ser realizados nesta área para fornecer conclusões mais específicas.
Muito interessante, não é mesmo? Se você gostou deste post, não se esqueça de compartilhá-lo! 😉