Zona Curiosa
Deparar-se com cogumelos que brilham no escuro pode parecer uma cena extraída de um filme de fantasia, mas, na realidade, existem alguns cogumelos que realmente podem emitir luz visível!
Relatos de cogumelos bioluminescentes têm sido registrados há muito tempo. No século XVII, um médico holandês observou como os nativos da Indonésia usavam um cogumelo com luz esverdeada como lanternas quando viajavam à noite; na Micronésia, os nativos usam esses cogumelos luminosos como enfeites de cabeça para danças rituais até hoje.
Mas, afinal de contas, o que há por trás disso? Pois bem, é essa a questão que abordaremos ao longo deste artigo!
Como alguns cogumelos brilham no escuro?
A razão por trás da natureza brilhante de alguns cogumelos é a bioluminescência. Trata-se de um fenômeno em que uma reação química faz com que um organismo produza e emita luz. Na prática, é a energia produzida durante a reação que se converte em luz visível.
Vale destacar que os cogumelos estão longe de ser os únicos a apresentar tais características. Animais como vaga-lumes, escorpiões, águas-vivas e tamboris exibem bioluminescência por um mecanismo semelhante.
Das mais de 100.000 espécies catalogadas de cogumelos, cientistas identificaram mais de 80 espécies de cogumelos que brilham no escuro. A grande maioria destes cogumelos bioluminescentes pertence à linhagem Omphalotus, Armillaria ou Mycena.
Esses cogumelos geralmente emitem uma luz esverdeada com comprimento de onda de 520-530nm. A parte luminescente do cogumelo inclui o corpo de frutificação (o chapéu e as brânquias), os fios de micélio ou ambos. Por exemplo, tanto o corpo de frutificação quanto o micélio dos cogumelos dos gêneros Omphalatus e Mycena podem brilhar, enquanto apenas o micélio dos cogumelos do gênero Armillaria pode emitir luz.
O que pode causar a bioluminescência em um cogumelo?
O termo luciferina é usado de forma generalizada para descrever um composto orgânico em organismos luminescentes. O tipo de luciferina envolvido em cogumelos bioluminescentes era desconhecido até recentemente, até que um estudo identificou a luciferina em questão como 3-hidroxi-hispidina. Esse composto é biossintetizado pela oxidação de um metabólito fúngico chamado Hispidin.
Em cogumelos, a reação de bioluminescência é dependente de oxigênio e envolve uma reação entre uma molécula de luciferina e a enzima luciferase. A reação bioluminescente ocorre em duas etapas. Primeiro, a molécula de luciferina interage com moléculas de oxigênio na presença da enzima luciferase. Consequentemente, isso leva à formação de uma molécula luminescente chamada oxiluciferina, que é uma combinação de luciferina e oxigênio.
Por sua vez, a energia produzida durante esta reação excita os elétrons na molécula de oxiluciferina. À medida que os elétrons da oxiluciferina retornam ao seu estado fundamental, a molécula começa a decair. Então, a energia é liberada para causar a emissão de fótons e, consequentemente, acaba produzindo luz.
A maioria das fontes de luz, como lâmpadas, emitem luminosidade porque ficam muito quentes. Cogumelos, por outro lado, produzem luz sem aquecer, pois é simplesmente um produto da reação química. Assim, a luz irradiada por cogumelos bioluminescentes é chamada de “luz fria”.
Qual é o papel da bioluminescência em cogumelos?
Várias teorias tentam explicar a função da bioluminescência em cogumelos. Um experimento conduzido pelo cientista americano John Sivinski demonstrou que seres artrópodes são facilmente atraídos por fungos emissores de luz. Então, é possível que esses insetos possam ajudar na dispersão de esporos que aumenta a sobrevivência das espécies de fungos.
Partindo dessa constatação, também é sugerido que as espécies de fungos que emitem luz à noite têm uma vantagem sobre as espécies não luminosas de cogumelos na atração de insetos dispersores de esporos. Isso é especialmente verdadeiro para cogumelos que vivem sob o dossel denso de uma floresta repleta de árvores altas, onde a dispersão de esporos pelo vento é rara.
Os micélios luminosos também podem repelir predadores fototrópicos negativos (artrópodes que se afastam da luz) encontrados no solo. No entanto, ao contrário do que alguns podem acreditar, o brilho dos cogumelos não significa necessariamente perigo, pois nem todos os cogumelos luminosos são tóxicos e não comestíveis.
Leia Também: Qual a quantidade de água que um cachorro deve beber por dia?
Leia Também: Como as baleias se reproduzem?
Por último, há uma hipótese que sugere que a bioluminescência não tem função ecológica em cogumelos. Em vez disso, é simplesmente o subproduto de alguma outra reação bioquímica. No entanto, a confirmação dessa ou de alguma das outras teses apresentadas só poderá ser feita com mais estudos.
Muito interessante, não é mesmo? Se você gostou deste post, não se esqueça de compartilhá-lo! 😉
