Qualquer questão envolvendo algum tipo de pintura falsificada tende a ser complexa. Em 2011, a renomada galeria de arte Knoedler & Company de Nova York teve que fechar para sempre, trancando atrás de suas portas quase 165 anos de arte e história. Na ocasião, um processo de falsificação em massa resultou em um processo de milhões de dólares que abalou o mercado de arte e artistas em todo o mundo.
Estima-se que o mundo da arte global vale aproximadamente 64 bilhões de dólares, sendo que a arte falsa representa uma parte significativa desse total. Na prática, tanto os falsificadores quanto as agências de aplicação da lei que os investigam dependem de vários aspectos da ciência como ferramentas de seus trabalhos.
De certo modo, para fazer a arte falsa parecer real, o falsificador deve incorporar perfeitamente o artista em questão e seu estilo, mas a verdade é que isso pode ser bem complicado de colocar em prática. Da mesma forma, identificar uma pintura falsificada pode não ser tão simples como muitos imaginam.
Com essa premissa em mente, vamos descobrir ao longo desse artigo os segredos e a ciência por trás da falsificação da arte!
O intrigante processo de falsificação de obras de arte
Embora muita gente pense o contrário, a maioria dos falsificadores não tenta copiar uma pintura existente. Em vez disso, eles tentam criar trabalhos que nunca existiram, mas que poderiam ter existido. Desse modo, o primeiro passo para enganar o negociante de arte ou a galeria é fabricar uma proveniência falsa.
Em resumo, a proveniência que estamos falando consiste em documentos que fornecem informações sobre a cadeia de propriedade da arte. Em geral, os falsificadores inventam histórias envolvendo elementos das vidas passadas dos artistas, incluindo supostos parentes mortos, relíquias de família que foram esquecidas ou saques de guerra secretos finalmente descobertos após décadas ou séculos.
A próxima etapa envolve a aquisição de matéria-prima para a pintura, o que inclui a superfície e os materiais de pintura, entre outras coisas. O truque mais comum que os falsificadores usam é comprar móveis antigos e pinturas da época do artista original para fazer a moldura da pintura falsificada.
Como uma pintura é falsificada através de sua superfície
Para falsificar artistas mais velhos e vencer o teste de datação por carbono, os falsificadores geralmente buscam papéis e telas que se adaptem à época. Para tal, eles vasculham livrarias em busca de livros antigos. Então, eles rasgam esses papéis e os utilizam para desenhar. Qualquer que seja o estilo do artista que se ajuste à dimensão do papel é usado nessa falsificação específica.
Os falsificadores que tentam imitar artistas mais próximos de seus tempos podem fazer o uso de técnicas engenhosas de envelhecimento do papel. Alguns usam uma solução de permanganato para dar ao papel uma tonalidade amarelada ou aplicam chá ou café para dar uma tonalidade acastanhada clara.
Muitos artistas antigos usavam tintas um tanto “arcaicas”, criadas a partir de antigas receitas de boticário (farmácias medievais) para combinar com a composição química usando ingredientes como fuligem de chaminé, ferrugem e vinagre. Para emular o efeito corrosivo nas tintas modernas, os falsificadores utilizam substâncias ácidas nos locais de maior concentração de tinta.
Como uma pintura é falsificada através de pequenas deformações
Pinturas antigas endurecem e encolhem com o tempo, formando uma rede de rachaduras conhecidas como craquelê. Alguns falsificadores “assam” suas pinturas sob temperatura controlada para secá-las rapidamente a fim de criar rachaduras. Essas rachaduras podem ser preenchidas com tinta preta para torná-las ainda mais proeminentes.
Ken Pereyni, um falsificador do século XX, menciona suas técnicas de falsificação em seu livro “Caveat Emptor”. Como ele também era um restaurador de arte, ele trabalhava em contato contínuo com pinturas reais e sabia o que especialistas procuravam para localizar uma falsificação.
Para falsificar obras, Pereyni usava uma fina camada de laca catalisada sobre suas pinturas para torná-las resistentes à acetona. A partir disso, ele usava uma bola de borracha macia para aplicar uma leve pressão na tela a fim de replicar as rachaduras como engenhosas teias de aranha.
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Como você pode ver, os falsificadores tentam viver nas mentes dos especialistas forenses em arte para evitar serem pegos. Eles tentam imaginar e emular os sinais reveladores que fariam as falsificações parecerem reais. No entanto, não importa o quanto eles tentem, há sempre algo autêntico escondido em cada falsificação, e é assim que a ciência forense sempre consegue capturar os falsários!
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