Saber se o dinheiro realmente compra felicidade é um tópico longamente debatido que costuma gerar conclusões mistas. Alguns dizem com toda a certeza do mundo que dinheiro não compra felicidade, mas aqueles que não são tão afortunados não podem deixar de sentir que uma boa grana resolveria todos os seus problemas. Então, como sabemos quem está certo e quem está errado?
Um lugar onde podemos obter algumas respostas é onde a economia, a psicologia e a biologia se encontram: a economia comportamental. Em resumo, a economia comportamental é o estudo de como os humanos e nossa psique interagem com o dinheiro.
Dito isto, o que a economia comportamental descobriu sobre a relação entre dinheiro e felicidade? É isso o que vamos descobrir ao longo deste artigo!
Quanto dinheiro poderia, em tese, comprar felicidade?
Um estudo publicado em 2010, realizado pelos teóricos Daniel Kahneman e Angus Deaton, concluiu que cerca de US $75 mil por ano é a quantia certa para alguém se sentir confortável e feliz (nos EUA). Para chegar a esta conclusão, 450.000 cidadãos norte-americanos foram questionados sobre como eles classificariam suas vidas e fontes de renda em uma escala de 1 a 10.
Durante o estudo, diferenças óbvias foram observadas entre as respostas das pessoas com relação à renda. Cidadãos dos EUA que ganhavam menos de US $75 mil anuais classificaram suas vidas em níveis inferiores de bem-estar e relataram ficar mais chateados em situações estressantes. Porém, à medida que a renda aumentava, o efeito negativo era menor e os indivíduos relataram sentir-se mais positivos.
Um novo estudo publicado na Nature em 2018 atualizou os números de 2010. O estudo ainda indicava que US $75 mil por ano era suficiente para uma pessoa atingir o bem-estar emocional, mas acrescentou que uma pessoa só conseguiria atingir a verdadeira satisfação se ganhasse US $95 mil por ano.
Há uma teoria proposta na década de 1940 que concorda com as descobertas de Daniel Kahneman, conhecida como “teoria das necessidades”. Basicamente, ela afirma que um aumento na renda tem o efeito mais forte quando permite que as pessoas atendam às suas necessidades básicas (casa, roupas, saneamento, etc). Uma vez que essas necessidades sejam atendidas, o dinheiro adicional não afeta tanto os níveis de felicidade quanto antes.
Por que dinheiro nem sempre compra felicidade?
Com tudo o que já vimos até aqui, podemos dizer que quanto mais dinheiro uma pessoa tem, mais feliz ela é, mas isso acontece apenas até certo ponto. Depois que um certo ponto de riqueza é alcançado, mais dinheiro não resulta necessariamente em um aumento correspondente na felicidade.
Vamos pegar o exemplo de 2 pessoas, denominadas A e B, em que A ganha $ 50 mil por ano e B ganha $ 250 mil por ano. Se ambas receberem um bônus de $ 5 mil, a pessoa A tenderá a apreciar mais o bônus que a pessoa B. A razão para isso é que um aumento na renda anual não melhoria drasticamente a qualidade de vida básica do indivíduo B, uma vez que ele já tem dinheiro suficiente para manter o seu bem-estar.
Existe uma teoria que diz que os níveis de felicidade podem até diminuir ligeiramente, mesmo quando há muito dinheiro disponível. A chamada “teoria da adaptação” diz que um crescimento na renda aumenta temporariamente a felicidade das pessoas, mas com o tempo elas se acostumarão a viver com uma renda maior e terão outras insatisfações. Como tal, seus níveis de felicidade voltarão ao que costumavam ser.
Curiosamente, um estudo sugeriu que gastar dinheiro em experiências (viagens, passeios, etc) em vez de fazer compras materialistas, tende a aumentar a satisfação psicológica. Outro estudo concluiu que as pessoas com mais segurança financeira eram mais felizes e, como resultado, suas necessidades de ordem superior eram facilmente atendidas.
Uma palavra final
Para finalizar, podemos dizer que o dinheiro realmente pode comprar felicidade, mas apenas até um certo ponto. Depois de um certo limite, quanto mais dinheiro você ganha não afeta de forma considerável a maneira como você se sente em relação à sua vida, podendo levar você a procurar outras maneiras de encontrar a felicidade.
Além disso, muitas vezes a questão não se trata de quanto você ganha, mas sim como você gasta. Isso geralmente ocorre porque as pessoas tendem a superestimar o grau de felicidade que o dinheiro pode comprar.
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O dinheiro é importante para viver uma vida confortável e para prover nossas necessidades e confortos, juntamente com algum nível de segurança. Porém, além de certo ponto, ele pode passar a ser algo mais trivial do que parece.
Um tema mais complexo do que aparenta ser, não é mesmo? Se você gostou desse post, não se esqueça de compartilhá-lo! 😉