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Vários casos de hiperinflação (uma inflação fora de controle a níveis muito elevados) foram registrados ao longo do século passado. Um precursor histórico da hiperinflação é a guerra, que pode destruir o estoque de capital de uma economia. No entanto, políticas monetárias equivocadas e estratégias fiscais inadequadas também já protagonizaram casos de hiperinflação realmente absurdos.
Um caso notável de hiperinflação ocorreu no Zimbábue entre as décadas de 1990 e 2000, quando o governo local decidiu imprimir notas de 100 trilhões de dólares zimbabuanos em uma tentativa fracassada de tornar a moeda competitiva no mercado. Para se ter uma ideia, uma nota com esse valor astronômico correspondia a apenas 30 dólares americanos!
Ainda assim, a inflação vista no Zimbábue foi apenas a segunda pior da história. Isso porque a hiperinflação mais violenta foi vivenciada pelos húngaros entre 1945 e 1946, quando os preços aumentavam a uma incrível taxa de quase 200% ao dia.
Quando a inflação vira hiperinflação
De acordo com o livro The Hungarian Hyperinflation of 1945 – 1946, por Robert B. Morgan, tudo começou quando a Hungria criou sua primeira moeda após o colapso do Império Austro-Húngaro no final da Primeira Guerra Mundial. A moeda em questão, denominada coroa húngara, até teve um início relativamente promissor, mas sem uma economia forte para apoiá-la, a inflação logo saiu do controle.
Buscando controlar a catástrofe inflacionária, o governo da Hungria decidiu abandonar a coroa húngara e introduzir o pengő em 1927. Diferentemente da coroa húngara, o pengő estava intimamente atrelado ao padrão-ouro e, no início, era uma das moedas mais estáveis do mundo.
O pengő conseguiu sustentar a Hungria ao longo da década de 1930 e da maior parte da Segunda Guerra Mundial. No entanto, as coisas mudaram em 1944, quando as tropas de Hitler marcharam rumo ao território húngaro.
A guerra que se seguiu entre forças alemãs e soviéticas devastou o país economicamente e, consequentemente, o valor do pengő despencou.
A crescente inflação húngara e o fracasso do pengő
Mesmo após o término da guerra, o pengő não apresentou sinais de melhora, o que levou o governo a imprimir dinheiro desenfreadamente, inundando o país com notas sem valor real.
Em resumo, a ideia por trás dessa ação era que, como o governo não conseguia impedir a queda de pengő, ele poderia tentar garantir que as pessoas tivessem, pelo menos, dinheiro suficiente para as necessidades básicas. O problema é que isso só contribuiu para levar a economia da Hungria à ruína.
Durante o pico da hiperinflação, os preços dos produtos na Hungria chegavam a dobrar a cada 15 horas. O pengő continuou perdendo valor a uma taxa alarmante até chegar ao ponto de 460 trilhões de pengős corresponderem ao mesmo valor que 1 dólar americano em junho de 1946.
Curiosamente, era tanta cédula sendo impressa nesse período que o governo chegou a ficar sem papel de boa qualidade para imprimir as notas.
O surgimento de uma nova moeda
Finalmente, em agosto de 1946, o governo húngaro abandonou o pengő completamente e decidiu recomeçar a sua política monetária do zero. Uma nova moeda, o florim, foi introduzida e a situação econômica do país voltou ao normal.
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O florim conseguiu sustentar a economia húngara muito bem até a década de 1990, quando a transição da Hungria para uma economia de mercado afetou negativamente o seu valor. No entanto, a crise mais recente nem sequer chegou perto da loucura inflacionária que o pengő causou na década de 1940.
Um caso de hiperinflação realmente intrigante, não é mesmo? Se você gostou desse post, não se esqueça de compartilhá-lo! 😉
