Qual é o buraco mais profundo já cavado pelo ser humano?

Há uma grande variedade de razões pelas quais os humanos cavam buracos, trincheiras e outras estruturas subterrâneas. De fato, há muito tempo foi observado que os humanos têm um desejo aparentemente instintivo de cavar buracos, algo que se manifesta ainda na infância. Mas, será que você sabe qual é o buraco mais profundo já cavado pelo ser humano?

Ao longo deste artigo, você vai conhecer a curiosa história do Poço Superprofundo de Kola, resultado de um projeto de prospecção científica da extinta União Soviética que buscava perfurar a crosta terrestre o mais profundamente possível.

O projeto Kola e o buraco mais profundo já cavado

Entre o final da década de 1950 e início da década de 1960, estadunidenses e soviéticos rivalizavam entre si em uma guerra menos famosa e menos impactante que a Guerra Fria, mas bem mais curiosa. Basicamente, a ideia era definir qual das duas nações seria capaz de cavar o buraco mais profundo na crosta terrestre.

Eventualmente, os EUA interromperam o projeto na costa do Pacífico do México. Por outro lado, os cientistas soviéticos seguiram com os trabalhos graças ao apoio do Conselho Científico Interdepartamental para o Estudo do Interior da Terra. Batizado de “Poço Superprofundo de Kola”, o buraco de 12.262 metros levou um total de 20 anos para ser concluído.

O que é ainda mais surpreendente é o fato de que o poço deveria ser ainda mais profundo, pois os pesquisadores inicialmente planejavam atingir a marca dos 14.500 metros. Porém, a 12 quilômetros abaixo da superfície terrestre, as rochas de 2,7 bilhões de anos surpreenderam os cientistas com temperaturas em torno dos 180 graus Celsius, o que dificultou a execução completa dos trabalhos.

Os problemas encontrados ao cavar o buraco mais profundo

À medida que o buraco ficava cada vez mais profundo, o calor danificava os tubos e as brocas usadas na perfuração. Além disso, de acordo com a BBC, as próprias rochas passavam a apresentar uma consistência mais porosa e maleável, de modo que os pesquisadores soviéticos chegaram a dizer que elas se comportavam mais como plástico do que com material geológico.

Por conta de tais problemas, o projeto foi interrompido em 1992. Ainda assim, o Poço Superprofundo de Kola fez com que os soviéticos pudessem fazer uma análise interessante do subsolo, o que foi fundamental para colocar à prova algumas teorias. Os cientistas notaram, por exemplo, a falta da transição do granito para o basalto, algo que eles esperavam encontrar entre 3 e 6 quilômetros abaixo da superfície terrestre.

Em meio à escavação, os soviéticos também encontraram coisas mais intrigantes, como as rochas com mais de 2 bilhões de anos que ainda guardavam resquícios de atividade biológica. Isso foi comprovado pelos pesquisadores com base em formas de fósseis microscópicas envoltos em compostos orgânicos que permaneceram intactos, mesmo com toda a enorme pressão e as altas temperaturas das rochas ao redor.

Uma palavra final

Vale destacar que os dados produzidos pela perfuração do Poço Superprofundo de Kola ainda são utilizados para muitos estudos nos dias atuais. De fato, existe até mesmo um repositório de amostras, o Kola Core Repository, situado na cidade Zapolyarny, localizada a cerca de dez quilômetros ao sul do buraco.

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Curiosamente, há quem diga que precisamos cavar buracos ainda mais profundos. Para esses cientistas, quanto mais fundo conseguirmos ir, melhor poderemos compreender como tudo funciona no mundo da geologia, incluindo o comportamento dos vulcões e os terremotos, bem como a própria evolução do planeta Terra.

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