Por que os ossos não se decompõem facilmente?

Quando alguém morre, uma das frases mais ouvidas no funeral é “Do pó viemos e ao pó voltaremos”. Nesse contexto, a frase pretende sugerir que nossos corpos vêm da terra e, eventualmente, retornarão a ela. No entanto, essa frase sugere que nossos corpos desaparecem completamente, o que nem sempre é o caso. Por exemplo, você já viu como os ossos não se decompõem facilmente?

Ao contrário da carne humana, que se decompõe rapidamente, os ossos têm uma capacidade impressionante de se manter relativamente intactos por muitos anos. Mas, por que isso acontece?

De certa forma, esse assunto é um pouco mais complexo do que parece à primeira vista. Como acontece com a maioria dos mistérios no reino da ciência, não há uma única resposta para esta pergunta em particular. Acontece que os ossos se decompõem em taxas variáveis, sendo que alguns não se decompõem de forma alguma!

Para entendermos adequadamente a variabilidade vista na durabilidade dos ossos tanto de corpos humanos quanto de animais, um pouco de conhecimento sobre o processo de decomposição pode ser bastante útil, como veremos ao longo deste post.

Como funciona o processo de decomposição?

A decomposição acontece com toda a matéria orgânica e, embora cada organismo se decompõe de maneira diferente, o conceito básico é o mesmo. Para reciclar a matéria orgânica, os processos químicos decompõem os organismos em formas mais simples, que podem ser absorvidas e reutilizadas no bioma. Na prática, isso afeta tudo o que é considerado “vivo”, de árvores a seres humanos.

Os corpos podem ser decompostos de duas maneiras principais: por processos químicos / físicos ou por outros organismos vivos decompondo o tecido vivo. A taxa de decomposição depende de muitos fatores, incluindo temperatura, umidade, presença de bactérias, exposição ao ar, acidez do solo e dezenas de outras variáveis.

Para se ter uma ideia, um corpo humano pode perder toda a sua carne e tecidos em apenas uma semana, mas também pode permanecer relativamente intacto por milhares de anos! No fim das contas, tudo depende das condições em que o corpo se encontra, e o mesmo vale para os ossos.

Como os ossos se decompõem?

Embora muitas pessoas acreditem que os ossos nunca se decompõem, quando você pensa sobre esse assunto logicamente, logo percebe que algo do tipo seria impossível. Depois de centenas de milhões de anos de vida neste planeta, se os ossos nunca se deteriorassem, nós os encontraríamos em todos os lugares!

Geralmente, nós pensamos nos ossos unicamente como partes sólidas e firmes do nosso esqueleto, mas a verdade é que eles também são elementos que podem quebrar como um pedaço de giz quando estão gravemente doentes. Dito isto, o fato é que os ossos são tecidos vivos, assim como nossos outros sistemas orgânicos, contendo vasos sanguíneos e nervos.

Os ossos são amplamente compostos de colágeno, que cria uma matriz porosa forte, em vez de uma estrutura sólida. Portanto, ainda que os ossos sejam rígidos, os mesmos processos químicos, físicos e micro-orgânicos que quebram os tecidos também farão com que os ossos se decomponham.

A diferença fica pelo fato de que, em comparação com outros tecidos, os ossos podem escapar da decomposição rápida por causa do colágeno e sua associação com o cálcio. O colágeno é uma proteína muito durável e estável devido à sua estrutura e composição química. Por conta disso, apenas certas enzimas podem quebrar o colágeno.

Além disso, o colágeno se associa ao cálcio e outros minerais dentro do osso. Em resumo, isso dá ao osso sua força e resistência características durante a vida e permite que ele resista à decomposição rápida na morte. Em outras palavras, os minerais “revestem” o colágeno, tornando difícil para os micróbios acessar a matéria orgânica e digeri-la.

Alguns ossos podem durar para sempre?

Alguns ossos conseguem alcançar uma certa “imortalidade”, e você provavelmente já viu alguns deles em museus. Os fósseis são ossos que foram tão rapidamente envolvidos em sedimentos que o ar foi completamente bloqueado, tornando impossível a ocorrência de qualquer forma de decomposição. Isso geralmente ocorre após erupções vulcânicas e outros eventos catastróficos que deslocam grandes quantidades de sedimentos na Terra.

Vale destacar que apenas uma fração extremamente pequena dos organismos vivos consegue ser fossilizada e, apesar de serem chamados de “ossos”, esse não é realmente o caso. Com o tempo, os minerais nos materiais ao redor começaram a vazar do tecido vivo dos fósseis, substituindo as células vivas por rocha.

É por isso que, quando falamos sobre ossos de dinossauros sendo desenterrados depois de milhões de anos, na verdade estamos apenas desenterrando rochas antigas que têm a forma exata dos ossos originais.

Esse processo de fossilização começa quando a água carrega minerais como cálcio e ferro para as cavidades do osso em decomposição. Com o tempo, tudo o que resta é a pedra que assumiu a forma de osso.

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Com isso em mente, podemos concluir que os ossos também se decompõem, mas em um ritmo mais lento do que outros tipos de materiais orgânicos e tecidos. Até mesmo fósseis e múmias serão eventualmente pulverizados ou decompostos, ainda que ao longo de milhões (ou bilhões) de anos.

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