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Por que o álcool é muito usado para preservar coisas?

O álcool é muito competente quando se trata de preservar coisas, mas a sua eficácia depende da sua concentração correta.

Se você já visitou um laboratório ou museu e passou algum tempo admirando um recipiente cujo interior era preenchido por uma minúscula criatura falecida flutuando em uma solução aquosa, deve conhecer muito bem o poder de preservação do álcool. O nome formal dessa técnica é “preservação de fluidos” e os cientistas contam com ela desde 1600 para preservar amostras por centenas de anos.

Mas, afinal de contas, como isso realmente funciona? Por que o álcool é tão utilizado para preservar coisas?

Recipientes com álcool para preservar coisas
Foto: Curious Expeditions/Flickr

Álcool é usado para preservar coisas porque combate microrganismos

Basicamente, o álcool é tóxico para os microrganismos que costumam causar a decomposição. Um vinho, por exemplo, é feito à medida que o fermento consome o açúcar das uvas e, em seguida, excreta o álcool. Entretanto, a levedura excreta tanto álcool que a concentração se torna tóxica ao ponto de matar a própria levedura.

Na prática, um teor de álcool de cerca de 14% já é suficiente para retardar o crescimento de bactérias por anos em vinhos de boa procedência. Por outro lado, é importante deixar claro que preservar outros materiais orgânicos (como DNA, tecidos ou até mesmo animais inteiros) requer uma concentração maior de álcool.

De acordo com o Live Science, para o armazenamento de materiais orgânicos por um longo prazo, uma concentração de 70% costuma ser o valor indicado. Nesse caso, há água suficiente na solução para que os tecidos permaneçam hidratados e mantenham sua forma, ao mesmo tempo em que também há álcool suficiente para prevenir o crescimento de fungos e bactérias.

O álcool em concentrações ainda mais altas, como 95%, funciona como um desidratante, o que significa que ele pode remover e substituir a água no tecido orgânico inteiro por álcool. Nesse caso, a falta de água causa alterações nas proteínas sensíveis à água, causando desnaturação no tecido.

Recipientes com álcool para preservar coisas
Foto: Wikimedia Commons

Nem sempre é fácil definir o teor de álcool correto para preservar amostras

Embora aparente ser um processo relativamente simples, pode ser complicado decidir qual a porcentagem correta de álcool que deve ser utilizada. Usar muito ou pouco pode afetar a forma e flexibilidade da amostra, ou até mesmo diminuir sua capacidade de preservar a amostra na solução.

De um modo geral, a regra básica é que altas concentrações de álcool usadas para desidratar uma amostra irão preservá-la por mais tempo, mas esse processo também poderá deixar a amostra enrugada (devido à perda de água) e quebradiça (devido às proteínas endurecidas).

Todo esse processo de deformação da amostra sob grandes concentrações de álcool pode ser aceitável em algumas situações, mas é algo que deve ser evitado a qualquer custo em outros casos. No fim das contas, tudo depende do que você está tentando preservar.

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Foto: PxHere

Uma palavra final

Se um organismo tiver água suficiente em seus tecidos, ele pode diluir o álcool. Se isso acontecer, a concentração de álcool pode não ser suficiente para matar microrganismos ocultos que podem estar alojados mais profundamente na amostra, especialmente quando se trata de algum lugar como o intestino de um espécime de animal inteiro.

Em alguns casos, todas essas “bactérias perdidas” podem decompor a amostra. É por isso que é importante trocar o álcool cerca de 24 horas após a decapagem da criatura, pois isso aumenta a concentração da solução.

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Com tudo isso em mente, fica mais fácil de entender que, quando se trata de usar álcool como conservante, torna-se necessário encontrar um ponto ideal de concentração. Na prática, essa concentração deve inibir o crescimento de microrganismos, mas não deve destruir a estrutura celular do que está sendo preservado.

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