De certo modo, a tinta das canetas é um material estranhamente resistente e, com algumas exceções notáveis, ela tende a grudar nas folhas de papel de uma forma praticamente definitiva. Dito isto, você já deve ter escrito bastante ao longo de sua vida, mas você já se perguntou por que a borracha apaga o lápis e não a caneta?
Ao longo deste artigo, você vai entender os detalhes por trás das relações nada similares da borracha com o lápis e com a caneta.
A ciência por trás do papel e da tinta
A maior parte do papel é fabricada de maneira semelhante, pelo menos em um nível básico. Em suma, todo papel é feito a partir de uma distribuição uniforme de fibras (feitas de celulose) que apresentam pequenas depressões entre elas, geralmente chamadas de poros. Esses poros são microscópicos por natureza, mas possuem tamanho suficiente para “sugar” a tinta por meio de um processo denominado ação capilar.
A ação capilar é a capacidade incomum dos líquidos de se moverem para espaços estreitos com ou sem a ajuda da gravidade. Esse fenômeno pode ser visto por toda parte, desde a areia molhada na praia até a maneira como a tinta sobe pelos pequenos tubos e pelos de um pincel. Isso ocorre como resultado de forças intermoleculares que atuam no líquido.
Uma combinação da tensão superficial do líquido, neste caso a tinta, e as propriedades de adesão das fibras do papel, faz com que a tinta desça para os poros do papel, onde tende a permanecer e secar.
Vale destacar que os papéis vêm em uma variedade de “porosidades” diferentes, sem falar que, se prestar atenção, você notará que alguns papéis brilhantes para impressão fotográfica não têm nenhuma porosidade, envolvendo completamente as fibras e evitando que a tinta penetre e seque da mesma maneira. No fim das contas, as variações na porosidade afetam o tempo que a tinta leva para secar.
Paradoxalmente, o papel altamente absorvente leva mais tempo para secar, pois quanto mais é absorvido, fica mais difícil para o oxigênio alcançá-lo. Portanto, um papel levemente brilhante (mas ainda poroso) tende a secar mais rápido porque há mais tinta na superfície que está sendo exposta ao oxigênio.
Então, por que uma borracha pode apagar um lápis, mas não uma caneta?
De um modo geral, os lápis são compostos principalmente de grafite. Desse modo, quando você escreve ou desenha com um lápis no papel, algumas partículas de grafite ficam presas nas fibras do papel, deixando para trás os desenhos ou letras que você acabou de escrever.
Quando uma borracha tradicional é usada para eliminar essas marcas de grafite, o atrito criado aquece as moléculas de borracha, tornando-as pegajosas. Consequentemente, essas moléculas pegajosas arrancam as partículas de grafite que estão nas camadas superiores das fibras do papel e, como num passe de mágica, não há mais linhas de grafite!
Por outro lado, as canetas funcionam através de um mecanismo completamente diferente, pois os corantes usados nas tintas das canetas são líquidos que penetram profundamente nas fibras do papel. Na prática, quando você tenta apagar marcas de uma caneta, a borracha não consegue separar as forças intermoleculares da tinta seca e eliminar o texto dessa forma.
Vale destacar que, para os tipos de papel que têm porosidade muito alta, é praticamente impossível apagar o que foi escrito sem destruir o próprio papel.
No mundo da impressão, o tipo de tinta também deve ser levado em consideração
É importante deixar claro que o tipo de papel usado não é a única razão pela qual a tinta pode ser absorvida em um pedaço de papel; na verdade, a própria tinta também desempenha um papel (desculpa pelo trocadilho).
Existem muitos tipos diferentes de tinta hoje, mas o tipo usado principalmente na impressão de livros e jornais é o pigmento negro de fumo, além de vários surfactantes, resinas, ceras, lubrificantes e agentes secantes. Esse pigmento é misturado ao que muitos chamam de verniz, que move o componente de cor para o papel. Nesse ponto, o verniz também é responsável por ajudar a tinta a endurecer (ou secar).
Esse verniz é composto por resinas, óleos minerais e óleos vegetais, que atuam em conjunto para promover a secagem. Os óleos minerais devem ser absorvidos, mas as resinas e óleos vegetais se oxidam quando espalhados em camadas finas; isso promove a secagem na superfície, mesmo que parte da tinta abaixo não esteja completamente endurecida.
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No fim das contas, escolher uma tinta com uma mistura bem projetada de agentes secantes e surfactantes é crucial para manter a impressão no papel por muitos anos, a menos que um agente externo venha a molhar o papel, é claro!
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