Zona Curiosa
Desde a sua introdução na edição de 1966, os mascotes têm sido parte integrante do folclore das Copas do Mundo. Alguns deles ainda são lembrados com carinho pelos torcedores mesmo anos ou décadas depois dos torneios que representaram, enquanto outros caíram no esquecimento geral da galera. Entretanto, poucos conseguiram ser tão icônicos quanto o Naranjito: a laranja que virou mascote da Copa de 1982.
Neste artigo, analisaremos algumas das peculiaridades por trás do desenvolvimento de um dos mascotes mais curiosos da história das Copas.
A criação do Naranjito
Mesmo vários anos após a sua criação, o Naranjito ainda é considerado um dos mascotes mais bonitos ou pelo menos mais emblemáticos da história das Copas do Mundo. De fato, o Naranjito faz parte de uma geração que atualmente ainda o observa com amor e saudade de tempos passados. Ainda assim, é importante mencionar que o começo não foi fácil para esse personagem cativante.
Como explica o FutbolRetro, o mascote Naranjito foi desenvolvido pela agência de publicidade Bellido, no coração de Sevilha. Seus criadores foram José María Martín Pacheco e María Dolores Salto. O prêmio foi concedido pela Federação Espanhola de Futebol aos publicitários no valor de um milhão de pesetas, moeda corrente da Espanha entre 1869 e 2002.
O personagem foi concebido para representar uma laranja pelo fato de que esta é uma fruta muito comum nas províncias espanholas de Valência e Andaluzia. Curiosamente, o Naranjito foi, a princípio, muito mal recebido pelo público na Espanha, mas sua popularidade cresceu significativamente com o passar do tempo, fomentando ainda mais o folclore em torno do mascote.
Do início polêmico ao mundo da televisão
Como mencionado, as primeiras impressões sobre a escolha do mascote Naranjito foram comentários nada simpáticos. “Aberração” e “vergonha nacional” foram alguns dos termos usados para descrever a pobre fruta cítrica. De certo modo, podemos dizer que um dos fatores que contribuíram para isso foi o “tabu” que o Naranjito se propôs a quebrar.
O Naranjito foi, de fato, uma grande mudança na história dos mascotes de Copas do Mundo. Antes dele, tivemos o leão Willie como mascote da Copa na Inglaterra em 1966, o garoto Juanito da Copa no México em 1970, os gêmeos Tip e Tap na Alemanha em 1974 e o Guachito da Copa na Argentina em 1978. Naranjito foi, assim, o primeiro mascote inanimado da história.
“Vi as laranjas e me perguntei: por que não? Queria evitar colocar um touro ou um pandeiro como mascote do Mundial”, disse José María em entrevista ao jornal El Mundo.
Com o passar do tempo, Naranjito ganhou popularidade ao ponto de estrelar uma série de desenhos animados na Televisión Española (TVE), uma rede de televisão estatal. A série teve 26 episódios produzidos, cada um com aproximadamente 20 minutos de duração. Nela, são apresentados novos personagens, como sua namorada Clementine, seu melhor amigo Citronio (um limão trapalhão) e um robô chamado Imarchi.
A acusação de plágio envolvendo o Naranjito
Como já era de se esperar, a escolha de Naranjito como mascote oficial da Copa de 1982 abriu espaço para acusações de plágio. Em 1979, Lolo Rico, criador de um lendário programa da TVE chamado “La Bola de Cristal”, relatou que havia criado outro personagem de mesmo nome.
Como se isso não bastasse, o diretor Chicho Ibañez Serrador também ameaçou processar os criadores do bichinho por haver uma grande semelhança com uma abóbora chamada Rupert, personagem de outro desenho animado. No fim das contas, a coisa toda acabou não vingando e o bom Naranjito seguiu em frente sem problemas judiciais.
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Quase 40 anos após o fracasso da seleção espanhola no Mundial de 1982, uma das poucas coisas positivas que ficaram para o lado da Espanha é que seu mítico mascote, mesmo depois de tantas controvérsias e inúmeras críticas, ainda consegue ostentar um grande sorriso.
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