De certo modo, um bom livro pode mudar uma vida, mas será que pode mudar o cérebro? De acordo com o psicólogo canadense Steven Pinker, os livros, especialmente os de ficção, melhoram significativamente a capacidade de empatia dos leitores, promovendo uma sociedade mais livre e tolerante. Mas, de que maneira exatamente a leitura provoca mudanças em nosso cérebro?
Ao longo deste artigo, você vai descobrir que certas áreas cerebrais relacionadas à linguagem e à percepção da fala aparentam desempenhar um funcionamento aprimorado através da leitura de livros de ficção.
A curiosa relação entre a leitura de ficção e o comportamento humano
Ler uma história fictícia é semelhante a mergulhar em uma simulação. Na prática, isso nos permite viver uma realidade que construímos em nosso cérebro usando a palavra escrita. De fato, a leitura de ficção estimula as mesmas redes neurais em nosso cérebro que são ativadas quando os humanos são submetidos a qualquer tipo de simulação, segundo um estudo.
Existem basicamente duas redes no cérebro que “se iluminam” quando lemos uma história: uma rede que nos permite construir cenas em nossa cabeça e uma outra rede que nos permite pensar sobre os personagens, suas vidas e seus estados mentais. Ambas as redes funcionam separadamente, mas pesquisadores observaram que elas contribuem em conjunto quando o assunto é a Teoria da Mente (ToM).
Basicamente, a tal Teoria da Mente é a habilidade de atribuir e representar (em si próprio e nos outros) os estados mentais independentes (como crenças, intenções, e desejos) e de compreender que os outros possuem crenças e intenções que são distintas da sua própria. Em outras palavras, a Teoria da Mente tem tudo a ver com empatia.
A exposição a esses gêneros de ficção pode ajudar um indivíduo a compreender os pensamentos e as necessidades dos outros. Portanto, a leitura serve como uma prática de simulação que permite aos leitores vivenciar realidades hipotéticas e diferentes circunstâncias da vida de outras pessoas. Consequentemente, isso lhes concede a capacidade de compreender melhor as necessidades sociais de outras pessoas no mundo real.
Ler ficção também muda a estrutura do cérebro
A estrutura do cérebro de um indivíduo pode mudar consideravelmente devido aos seus hábitos de leitura. Como ler um livro nos coloca na mente e no corpo do protagonista, essa experiência estimula as partes do cérebro responsáveis por nossas sensações (córtex somatossensorial) e movimento (córtex motor). Consequentemente, a estimulação dessas áreas cerebrais fortalece a conectividade dos neurônios dentro delas.
Vale destacar que um estudo também descobriu que a leitura frequente de livros de ficção está associada a uma menor perda de fala inteligível e maior evocação da memória, reduzindo o risco de transtornos relacionados à demência na velhice.
Uma palavra final
Como disse George R. R. Martin, “Um leitor vive mil vidas antes de morrer…”, e essa experiência de mil vidas também deixa uma impressão marcante em nosso cérebro.
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No fim das contas a leitura fortalece as redes que nos permitem compreender melhor os outros e também promove mudanças nas áreas do cérebro que estão envolvidas na linguagem, fala, visualização e pensamentos complexos.
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