Atualmente, podemos dizer que o café detém um papel de destaque na cultura mundial, mas as origens do seu consumo podem fazer você pensar o contrário. Isso porque leis e decretos já foram responsáveis por tornar o café proibido em certos lugares.
Na Prússia, o café foi proibido em 1777 para não haver concorrência ou interferência no mercado da cerveja. Na Itália o clérigo católico resolveu manter os italianos afastados da bebida sob o pretexto de ser um líquido diabólico.
No entanto, nenhum desses casos conseguiu ser tão emblemático quanto a proibição do café na Suécia. Para a surpresa de muitos, em meados do século XVIII, alguns líderes suecos tentaram banir essa deliciosa fonte de cafeína, pois acreditavam que seus supostos malefícios deveriam ser combatidos a qualquer custo.
A época em que o café foi proibido na Suécia
Segundo um estudo da Universidade de Uppsala, café o chegou à Suécia no século XVII com a abertura do país ao comércio mundial. A bebida caiu rapidamente nas graças da maior parte dos suecos, mas seus monarcas não gostavam muito da coisa, pois acreditavam que o café fazia as pessoas se comportarem mal.
A partir de 1756, durante o reinado de Adolfo Frederico, o país começou a impor um imposto pesado sobre a importação e o consumo de café, como resultado do suposto “uso indevido” da bebida.
Mais tarde naquele ano, o café foi totalmente proibido. Autoridades reais tentaram rotular o café como uma “bebida não sueca” e passaram a incentivar o povo sueco a consumir outras bebidas.
Ainda assim, os suecos da classe alta, que conseguiam comprar os grãos preciosos por meios ilícitos, ignoraram a situação e continuaram a consumir café, apesar da proibição. A partir disso, um comércio florescente de contrabando tornou a bebida amplamente disponível no mercado negro.
Os rumos inusitados do café proibido na Suécia
Eventualmente, Gustavo III chegou ao poder. Por ser filho do rei que originalmente proibiu o café, ele também “sentia nojo” da bebida e estava convencido de que ela promovia efeitos negativos. De fato, ele era tão contra a bebida que tentou usar a ciência para provar aos seus súditos que o café deveria ser abandonado de uma vez por todas.
Em uma ação que deixaria qualquer cientista moderno surpreso, Gustavo alistou dois assassinos condenados como cobaias de um “experimento científico”. De certo modo, o papel dos criminosos no estudo nem era ruim: basicamente, um deles seria obrigado a beber café, enquanto o outro receberia chá.
Embora acreditasse que o consumidor de café logo sucumbiria aos “efeitos danosos” da bebida, Gustavo logo viu que estava errado. De fato, o homem continuou a viver muito bem!
O fim da proibição do cafezinho em terras suecas
A saga contra o café chegou ao fim em 1792, quando Gustavo recebeu uma carta misteriosa enquanto se preparava para assistir a um baile de máscaras em Estocolmo. A carta dizia que ele tinha inimigos políticos e sua vida chegaria ao fim em breve.
Mesmo com o aviso, Gustavo ignorou a ameaça e foi ao baile. Mais tarde naquela noite, homens mascarados cercaram o rei e atiraram nas suas costas. Embora Gustavo tenha sobrevivido inicialmente, o ferimento originou uma infecção e o rei morreu algumas semanas depois.
As pessoas que ceifaram a vida de Gustavo eram nobres que se opunham à campanha em curso do rei contra a nobreza. Em resumo, Gustavo acreditava que a nobreza estava abusando de seus privilégios políticos, sendo que estes privilégios provavelmente incluíam a facilidade em contornar a rigorosa proibição do café no país.
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No fim das contas, mesmo com todos os esforços da realeza voltados à proibição do café, a cultura em torno da bebida ficou arraigada em toda a Europa, especialmente na Suécia.
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