Londres, conhecida como a capital mundial das casas mal-assombradas, naturalmente abriga um maior número de estudos sobre fenômenos paranormais. Um desses estudos, conduzido no início dos anos 2000 por dois cientistas, levou os participantes a experimentarem sensações de presença sobrenatural, tontura e terror avassalador.
Este experimento foi motivado por diversas tentativas de encontrar explicações científicas para o fenômeno dos fantasmas. Algumas dessas teorias se revelaram esclarecedoras, como o caso documentado em um artigo publicado no American Journal of Ophtalmology em 1921, no qual duas pessoas diagnosticadas com delírios e alucinações foram, na verdade, vítimas de envenenamento por monóxido de carbono devido a um vazamento de gás.
Outro caso notório, ocorrido na década de 1980, envolveu o engenheiro e cientista da computação Vic Tandy, que percebeu que as aparições que via em seu laboratório eram causadas por ondas sonoras de baixa frequência provenientes de um ventilador instalado nas proximidades.
No início dos anos 2000, dois britânicos decidiram testar a hipótese de que as aparições de fantasmas poderiam ser atribuídas a infrassons ou à influência do campo magnético da Terra sobre o cérebro das pessoas. Para isso, o professor de psicologia da Universidade de Goldsmith na época, Chris French, e seu amigo Usman Haque, artista e arquiteto, construíram o que chamaram de “câmara assombrada”.
Essa câmara consistia em uma sala vazia e branca localizada na casa da mãe de Haque, no norte de Londres, equipada com dispositivos ocultos capazes de gerar campos eletromagnéticos e infrassons. A dupla recrutou 79 voluntários para visitar a sala, alertando-os de que poderiam vivenciar algumas “experiências anômalas”.
Inicialmente, a “câmara assombrada” surtiu efeito, até que um evento assustador ocorreu durante o experimento: os participantes relataram sensações de terror e medo, mesmo com os dispositivos desligados. Isso sugere que ao dizer a algumas pessoas que poderiam ter experiências peculiares no local, as mais sugestionáveis acabaram por tê-las, explicou French.
Apesar dos esforços contínuos para explicar experiências paranormais por meio de fenômenos tangíveis, French acredita que não se pode atribuir tudo a mofo, infrassons, monóxido de carbono ou flutuações eletromagnéticas. Para o especialista em psicologia das crenças, as influências externas são responsáveis por um número relativamente pequeno de casos supostamente fantasmagóricos, se é que esses casos de fato existem. Em vez disso, ele destaca que distúrbios e transtornos como a paralisia do sono, falsas memórias e até mesmo alucinações são muito mais comuns do que geralmente se imagina.
Contudo, fatores ambientais como os testados na “câmara assombrada” e teorias embasadas em psicologia e neurociências nem sempre conseguem oferecer explicações completamente satisfatórias para fenômenos paranormais. “Precisamos ser suficientemente humildes para admitir que não somos capazes de explicar todos os casos”, concluiu French.