Em algum momento da sua vida, você já deve ter percebido que falar enquanto chora é difícil. Você provavelmente sentiu um nó na garganta acompanhado de uma soa esganiçada e aguda. De fato, a sensação de “garganta fechada” parece ser ainda pior quando tentamos evitar o choro. Mas, afinal de contas, por que a voz muda quando choramos?
Neste artigo, você vai descobrir que, como os músculos ficam altamente contraídos durante o choro (devido à ativação de nossa resposta de luta ou fuga), nossa voz acaba soando estranha e inconsistente em meio a tanta choradeira.
A origem do “nó na garganta” durante o choro
A laringe é um órgão que, além da função respiratória, participa também da função fonatória. Ela apresenta um formato de tubo, portanto, qualquer alteração na traqueia ou nos músculos ao seu redor também afeta o seu funcionamento. Da mesma forma, o aumento do fluxo de ar que passa pela laringe impede que ela funcione corretamente. Como explica a Super, isso também é acompanhado por uma sensação de nó na garganta.
Ainda assim, como não há ameaça física real nesse processo, o corpo fica um tanto “confuso”. Na prática, o sistema nervoso parassimpático tenta entrar em ação junto com o sistema nervoso simpático para tentar relaxar os músculos. Além disso, quando a pessoa tenta “engolir o choro”, a glote alargada tenta se fechar.
Durante a deglutição normal, a epiglote cobre a glote, o que permite que a saliva e os alimentos entrem no esôfago ou no tubo alimentar. Durante o choro, porém, a deglutição exerce pressão sobre a glote alargada. Como não consegue relaxar, a glote começa a doer, tornando a deglutição ainda mais difícil. Isso causa a sensação de ter algo preso no tubo de alimentação, levando a uma sensação bastante desagradável.
A razão pela qual a voz muda quando choramos
O sistema nervoso autônomo possui neurônios conectados aos músculos lisos do corpo. Isso inclui a glote, epiglote e outros músculos da garganta. A voz é produzida pela laringe quando os músculos desse órgão vibram. Isso é feito empurrando o ar através da fenda entre os músculos, de modo que diferentes sons são produzidos controlando o tamanho e a largura dessa fenda.
Como os músculos ficam muito contraídos durante o choro, sua voz acaba soando estranha quando você tenta usá-la. Além disso, durante uma crise de choro, uma maior quantidade de ar é trocada a cada respiração, o que significa que o ar que flui pela laringe também é maior em volume. Em outras palavras, perder o controle sobre o fluxo de ar torna ainda mais difícil o ato de falar.
Tudo isso leva diretamente a mudanças na voz de uma pessoa, fazendo com que ela se sinta incapaz de falar normalmente. A sensação de nó na garganta desaparece quando você se acalma, sendo que, à medida que tal sensação desaparece, a voz também volta ao normal.
O fator evolutivo em torno disso
Todo mundo já experimentou o fechamento da garganta e uma voz rouca enquanto chorava. Pois bem, o que poucos parecem saber é que existe uma explicação científica válida para esse fenômeno. Chorar devido a qualquer tipo de sofrimento emocional faz com que o corpo pense que você está em perigo físico, ativando sua resposta de “luta ou fuga”, o que resulta no alargamento das vias aéreas para absorver o máximo de ar (oxigênio) possível.
No entanto, isso vem com uma grande desvantagem. A via aérea alargada torna a deglutição muito difícil. Se a glote estiver alargada, seu tubo de alimentação não é facilmente acessível para engolir alimentos ou até mesmo a saliva. Por consequência, a deglutição forçada torna os músculos da garganta ainda menos relaxados, o que afeta a laringe.
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Como as cordas vocais não estão relaxadas, torna-se bastante difícil falar, por isso a voz muda durante o choro. Quando o sofrimento emocional é aliviado, os músculos relaxam e sua voz volta ao normal.
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