Se você já se viu caminhando por um campo cheio de flores no auge da primavera, existe uma boa chance de você já ter se deparado com várias borboletas voando para todos os lados. Esses insetos majestosos e de cores diversas são algumas das criaturas mais bonitas e fascinantes do mundo, sem falar que elas também contam com um estilo de voo bem peculiar que abandona a ideia de se locomover em linha reta.
Basta prestar atenção a uma única borboleta em pleno voo para perceber a maneira aparentemente aleatória de seu voo. De fato, quando estão voando, as borboletas parecem mudar de direção a todo momento, tornando praticamente impossível saber exatamente para onde elas vão a seguir.
Desse modo, ao contrário de outros insetos, como abelhas ou libélulas, as borboletas parecem não ter um certo controle sobre o seu voo, muitas vezes até dando a impressão de que estão “embriagadas”. Consequentemente, isso levanta uma questão muito pertinente: afinal de contas, por que as borboletas não parecem voar em linha reta?
Uma questão de sobrevivência
Quando assistimos ao voo incompreensível e aparentemente desengonçado de uma borboleta, isso parece não fazer muito sentido. Olhando assim, parece que esses insetos levam muito mais tempo para se deslocar, sem falar que isso parece atrair a atenção de quem estiver ao redor, o que certamente pode não ser vantajoso para a sua sobrevivência, até porque as borboletas não são equipadas com muitos mecanismos de defesa.
De acordo com o Science Focus, o fato é que todo esse padrão de voo errático é minuciosamente planejado por esses seres voadores, pois isso torna quase impossível para que um predador em potencial (especialmente pássaros e morcegos) possa adivinhar para onde a borboleta se moverá a seguir.
É possível notar que a maioria das criaturas do nosso planeta conta com certas limitações de movimento com base no seu exoesqueleto ou esqueleto. Essencialmente, isso torna os seus movimentos mais previsíveis, principalmente para um predador habilidoso. Por outro lado, no caso das borboletas, elas acabaram desenvolvendo uma série de técnicas e adaptações físicas que lhes permitem controlar seus voos com habilidade, dando origem a uma dança complexa que nem o predador com os olhos mais aguçados consegue decodificar.
A curiosa engenhosidade das asas das borboletas
Com o passar do tempo, cientistas também descobriram que algumas das adaptações físicas envolvendo a forma e a composição das asas de borboletas são muito mais flexíveis do que se pensava anteriormente. Para se ter uma ideia, certos tipos de agitação geram padrões únicos de fluxo de ar, incluindo vórtices que permitem mudanças muito rápidas na altura e na direção desses insetos.
Na prática, esses movimentos complexos das abas das asas das borboletas proporcionam ainda mais sustentação e versatilidade em movimento do que as abas típicas das asas dos pássaros. De fato, os pesquisadores ainda estão estudando a engenhosidade de algumas das propriedades aerodinâmicas das borboletas com o objetivo de criar drones em miniatura com capacidades semelhantes.
Outro estudo fascinante realizado por membros da Universidade Nacional de Taiwan descobriu a existência de uma adaptação física única que permite o voo hipnotizante de algumas borboletas. Usando câmeras de alta velocidade e analisando os movimentos das borboletas em um ambiente fechado, os pesquisadores identificaram uma mudança no posicionamento da massa corporal das borboletas nos instantes antes de mudarem de direção ou altura.
Ao fim do estudo, concluiu-se que as borboletas constantemente giram e inclinam seus corpos durante o voo, o que muda o seu centro de gravidade e peso corporal, permitindo que elas utilizem mais energia com cada aba de asa. Esse movimento complexo de sua massa corporal ajuda essas criaturas a evitar as forças descendentes associadas a esse tipo de voo em particular. Em uma linguagem mais simples, isso torna o voo mais eficiente e permite que elas subam e desçam rapidamente mantendo um controle total dos seus movimentos.
Algumas exceções à regra
É importante deixar claro que caso você já tenha visto uma borboleta se movendo em uma linha relativamente reta, saiba que isso acontece pois algumas delas não precisam confiar em seus padrões de voo erráticos para impedir potenciais predadores. De fato, os animais mais coloridos que você vê na natureza também podem ser os mais venenosos, como é o caso dessas simpáticas criaturas voadoras.
Na prática, as cores vibrantes no reino animal fornecem um sinal claro para que os predadores mantenham distância. Como resultado, aquelas borboletas que foram guiadas através da seleção natural a serem venenosas ou tóxicas para os predadores não precisam depender tanto de adaptações físicas para evitar ataques.
As borboletas-monarca, por exemplo, algumas das borboletas mais conhecidas, são capazes de consumir pequenas doses de plantas venenosas em seu estágio larval e, a partir disso, tornam-se semelhantemente venenosas quando adultas. Eles também apresentam cores vibrantes (geralmente em tons de laranja), então você pode notar que os padrões de voo delas são um pouco mais “normais”.
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As borboletas-monarca tendem a planar por longos períodos de tempo e costumam bater as asas de uma forma semelhante aos pássaros. Ou seja, embora elas certamente tenham a capacidade de voar de forma irregular quando estão em um enxame ou se esquivando de um predador, esse não é o seu método principal de defesa e, portanto, não é um comportamento constante.
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