O Batman não é somente um dos personagens mais populares, influentes e relevantes na história do gênero dos super-heróis, mas provavelmente o mais emblemático. Com isso em mente, é extremamente lógico se perguntar sobre o processo de criação do Batman. Curiosamente, esse herói tem uma das origens mais complexas e isso contribui para uma história muito fascinante.
Em 1939, numa época em que a Grande Depressão estava a todo vapor nos Estados Unidos e Hitler já estava no auge de seus poderes na Alemanha nazista, o Superman havia chegado no ano anterior à DC Comics, tornando-se uma revolução monumental no ramo. Consequentemente, o sucesso do Superman fez com que o conceito de super-herói ganhasse cada vez mais destaque no mercado.
Como podemos imaginar, quando um produto se torna muito popular, é absolutamente normal encontrar vários desejando criar sua própria versão do referido produto e aproveitar essa tendência para obter lucro. De fato, foi assim que o Capitão Marvel (que mais tarde seria renomeado Shazam) foi criado. O que poucos sabem, entretanto, é que essa também foi a mesma razão pela qual a DC passou a querer ter mais um hit no mercado.
A criação do Batman
Por muito tempo, a história mais aceita sobre a criação e a concepção do Batman dizia que Bob Kane teve a ideia de criar um super-herói com o tema de morcego que havia sido fortemente inspirado nas histórias populares dos anos 1930, tendo um tema mais “sombrio” do que os poderes extremos do Superman. No entanto, a realidade era muito diferente.
A verdade é que Kane estava lutando contra o prazo que a DC havia estabelecido para criar esse personagem, o que fez com que ele pedisse ajuda a um colega da época, Bill Finger, que somente nos anos posteriores viria a ser reconhecido pelo seu trabalho por trás da criação do Cavaleiro das Trevas.
Um dos principais aspectos que precisam ser levados em consideração nesse sentido é o fato de Kane ter assinado um contrato com a DC em que iria receber todo o crédito como criador do personagem. Como Finger não fazia parte do contrato original, ele trabalhou anonimamente, o que resultou em ele não receber o merecido crédito pelo personagem por um longo tempo.
Só mais tarde, mais especificamente em 1965, Finger afirmou em discurso público que havia trabalhado na criação do personagem. De fato, se focarmos nos aspectos criativos do Cavaleiro das Trevas, Bob Kane tinha um conceito bem diferente para o Batman. Foi somente quando Kane entregou o projeto a Bill Finger que foi estabelecido o visual clássico com o qual estamos familiarizados, já que ele queria dar muito mais ênfase nos elementos temáticos do personagem.
O desenvolvimento da personalidade do herói
Um importante aspecto em que Finger desempenhou um papel monumental foi na concepção da personalidade civil do personagem, Bruce Wayne, pois ele acrescentou muitos elementos da ilusão de playboy que o personagem criou para evitar que as pessoas descobrissem sua identidade secreta.
No que diz respeito aos temas do personagem, Kane e Finger colaboraram regularmente nos detalhes que definiram o Batman ao longo dos anos. Por exemplo, o Sombra (Shadow), um herói de quadrinhos que veio antes do Cavaleiro das Trevas, foi uma grande influência para Kane e é por isso que a versão original do Batman tinha muito mais a ver com o Sombra. De fato, pode-se até argumentar que ele era uma cópia do Sombra!
É por isso que as primeiras histórias mostravam o Batman matando e usando armas, ações que mais tarde se tornariam impensáveis na versão moderna do herói. Além disso, a clássica história de Thomas e Martha Wayne sendo assassinados no Beco do Crime só seria desenvolvida mais tarde.
Outra grande influência no personagem é o Zorro. Bob Kane ficou muito surpreso e maravilhado com o filme “A Marca do Zorro” (que na verdade se tornou o filme que os Waynes estavam assistindo na noite em que morreram), então ele decidiu adicionar alguns desses elementos ao seu personagem, que verdadeiramente definiram o Batman como um vigilante que defendia os fracos e protegia os inocentes, estabelecendo gradualmente o Cavaleiro das Trevas que todos nós conhecemos.
Uma palavra final
Apesar de Kane ter recebido muitas críticas nos últimos tempos sobre a polêmica em torno da criação do Batman (já que Finger esteve intimamente relacionado ao design e às primeiras histórias do herói), foi ele quem surgiu com a ideia de que, como o Superman tinha muitos superpoderes, seria mais vantajoso criar um herói mais humano.
De certo modo, é interessante pensarmos que isso é algo que se tornou muito importante, pois o fato do Batman ser um homem mortal e relativamente “normal” em um ramo dominado por deuses e ciborgues ajudou na popularização do personagem.
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Não há como negar que Batman é um dos personagens fictícios mais importantes da história da cultura pop, então a história de Bob Kane e Bill Finger, assim com todos os seus respectivos problemas, mentiras e manipulações ao longo dos anos, acaba sendo um elemento importante dessa cultura, estabelecendo o Batman como um símbolo da justiça e do bem.
A criação do Batman envolve uma história bem curiosa, não é mesmo? Se você gostou deste post, não se esqueça de compartilhá-lo! 😉