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Por que xingamos?

Xingar pode servir a vários propósitos evolucionários e até mesmo ajudar a atenuar a dor.

Para o bem ou para o mal, os xingamentos fazem parte da nossa vida cotidiana. Embora as palavras de baixo calão sejam socialmente malvistas, muitas vezes nós xingamos até mesmo para fazer humor.

Surpreendentemente, apesar de sua onipresença no discurso social, muitas vezes ficamos surpresos quando um político ou esportista profere um palavrão na televisão. De fato, quando se trata de palavrões, o policiamento moral é tão severo que alguns esportistas são punidos com multas pesadas por ter a “boca suja”. Mas, afinal de contas, por que xingamos?

A reputação nefasta que atribuímos a um tabu desse tipo é puramente uma construção social, mas do ponto de vista científico, devemos separar o palavrão da perturbação a ele associada e tentar entender a que propósito ele serve.

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Foto: Pixabay

Nós xingamos como uma forma de sinalizar ameaça

Benjamin Bergen, um cientista cognitivo, é tão fascinado por palavrões que escreveu um livro sobre o assunto intitulado What the F. Em sua obra, ele enfatiza que é preciso aprender sobre palavrões porque os xingamentos revelam muito sobre como o cérebro processa a linguagem, nossa visão dos valores culturais e a nós mesmos.

Um propósito evolucionário ao qual os palavrões podem estar relacionados tem a ver com sinalizar uma ameaça. Nossos ancestrais podem ter soltado palavrões no passado quando se deparavam com uma situação inesperada, como um ataque ou uma sensação repentina de dor. Desta forma, o “boca suja” avisava facilmente os seus companheiros sobre a dor que acabara de sentir.

Essa explicação também é apoiada por Steven Pinker, um cientista cognitivo que explicou seu ponto de vista em seu best-seller The Stuff of Thought. Pinker é conhecido por ser um defensor efusivo da tese de que a linguagem serve a um propósito darwiniano e é, portanto, uma consequência da seleção natural, não uma repercussão da inteligência ou da criatividade.

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Nós xingamos para amenizar sensações e emoções desagradáveis

Além de sinalizar perigo ou ameaça, os cientistas cognitivos acreditam que xingar também atenua a dor. De fato, a psicologia clínica já demonstrou que os palavrões podem ser benéficos ao purgar nossas emoções negativas.

Um estudo citado por Bergen é um experimento em que os indivíduos foram solicitados a colocar as mãos em água levemente gelada para examinar por quanto tempo eles poderiam resistir. Os resultados mostraram que os indivíduos que puderam xingar tiveram um desempenho melhor do que os que foram impedidos de soltar palavrões.

Palavrões também são usados como “modificadores” para enfatizar emoções intensas, como o nojo. Ao anexar um palavrão a um adjetivo, nós o comparamos com a aversão a qual o palavrão está associado para estabelecer uma “medida moral” de sua repugnância.

Curiosamente, no lado oposto do espectro, xingamentos também podem ser utilizados para enfatizar emoções positivas intensas. Nesses casos, eles são frequentemente usados como modificadores para descrever êxtase ou exultação. Além disso, as declarações em público incitam a inquietação, que automaticamente traduzimos em riso. No entanto, isso ainda não foi totalmente verificado por testes de laboratório rigorosos.

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Foto: Pixabay

A influência da cultura e o que torna uma palavra um xingamento

Geralmente, os pais tendem a criar seus filhos através de uma base moral que exclui palavrões, mas será que isso tem alguma utilidade? Bem, por mais surpreendente que possa parecer, Bergen afirma que não há nenhuma evidência real de que a linguagem obscena (exceto calúnias raciais) tenha prejudicado as crianças ou demonstrado torná-las mais agressivas.

Segundo Bergen, nos estágios iniciais da aprendizagem da linguagem, uma criança só pode reconhecer o que é ofensivo quando um pai a pune por ter pronunciado uma palavra que o pai considera ofensiva. Na prática, muitas pessoas herdam esses valores com confiança cega, sem qualquer repreensão ou sugestão de ceticismo.

Por outro lado, Pinker nos adverte contra a adoção de palavrões. Ele afirma que, uma vez que se tornam triviais, eles “perdem seus efeitos”. Quando desprovidos de seu componente emocional, os palavrões são reduzidos a meras palavras, improváveis de causar qualquer reação. De certo modo, isso é paradoxal, já que, em tese, devemos restringir o uso de xingamentos para encorajar sua eficácia.

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Independentemente de tudo isso, o fato é que a ideia de que apenas uma seção específica de nossa sociedade se entrega à profanação é totalmente errada. Xingar transcende todas as fronteiras culturais. É uma parte natural do desenvolvimento da fala humana, seja esse ato visto com bons olhos ou não.

Aparentemente, nós xingamos por vários motivos diferentes, não é mesmo? Se você gostou desse post, não se esqueça de compartilhá-lo! 😉

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