De um modo geral, as aves sempre conseguiram atrair os olhares dos seres humanos, mas existe um pássaro em especial que consegue levar isso a um outro nível: o tucano. Com um bico surpreendentemente longo e colorido, essa criatura sempre despertou a curiosidade de muitos. Mas, afinal de contas, por que o tucano tem um bico tão grande?
Ao longo deste artigo, você vai ver que a complexidade dessa característica notável dos tucanos tem levado a várias explicações diferentes.
Originalmente, acreditava-se que o bico do tucano servia a propósitos sexuais e nutricionais
Descrito originalmente como “grosseiramente monstruoso” pelo naturalista francês Conde de Buffon, o bico do tucano foi teorizado por Charles Darwin como relacionado à seleção sexual. Basicamente, os tucanos com os bicos maiores eram considerados os que tinham mais sucesso em atrair companheiras e se reproduzir, o que seria a mesma explicação usada para argumentar sobre as plumas extravagantes nos pavões.
A tese de Darwin, entretanto, nem sempre foi vista em consenso. Como o bico do tucano conta com serrilhas voltadas para a frente que lembram dentes, isso levou outros naturalistas dos séculos passados a desenvolver a hipótese de que os tucanos capturavam peixes e eram principalmente carnívoros. No entanto, sabe-se nos dias de hoje que esses animais se alimentam principalmente de frutas.
Diante disso, surgiu a tese de que o longo bico do tucano permite que o pássaro alcance profundamente os buracos das árvores para ter acesso a alimentos indisponíveis para outros pássaros, além de saquear ninhos suspensos construídos por pássaros menores.
Ainda assim, em meio a todas essas hipóteses, os cientistas agora parecem ter evidências concretas de que o bico longo de um tucano serve, na verdade, como uma estrutura que regula a distribuição de calor, agindo como uma espécie de radiador térmico.
Como o bico do tucano contribui para a regulação do calor
Glenn J. Tattersall da Brock University e Denis V. Andrade e Augusto S. Abe da Universidade Estadual Paulista estudaram o tucano-toco (Ramphastos toco), o maior membro da família do tucano que também tem o maior bico em relação ao tamanho do corpo em todo o reino animal. Usando termografia infravermelha e câmeras de imagem térmica, a equipe monitorou a resposta dos tucanos em uma câmara com temperatura controlada. Ao fim do estudo, os cientistas envolvidos fizeram algumas constatações interessantes.
Abaixo de uma temperatura de cerca de 15 graus Celsius, o bico estava um pouco mais frio do que a temperatura ambiente, o que significa que os vasos sanguíneos entre o núcleo ósseo do bico e sua cobertura semelhante a um chifre estavam contraídos. Por outro lado, conforme as temperaturas aumentaram acima de 21 graus, o fluxo sanguíneo aumentou, tornando o bico mais quente e ajudando a ave a lidar com a carga de calor extra.
Com isso em mente, os pesquisadores concluíram que o grande bico do tucano serve como um sistema de termorregulação altamente eficiente, pois ajuda a ave a dispersar calor quando seu corpo se aquece demais.
Um animal interessante em vários sentidos
O bico colorido e grande que em algumas espécies pode chegar a medir mais da metade do comprimento do corpo é a marca registrada dos tucanos. O que pouca gente sabe é que, apesar do tamanho, ele é muito leve, sendo composto por hastes ósseas preenchidas com tecido esponjoso de queratina entre elas.
Vale destacar que não é apenas o bico desses animais que chama a atenção dos pesquisadores. Para se ter uma ideia, um complexo estrutural tido como exclusivo dos tucanos envolve a modificação de várias vértebras da sua cauda.
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Em suma, as três vértebras posteriores são fundidas e presas à coluna por uma articulação esférica. Por causa disso, os tucanos podem mover a cauda para frente até tocar a cabeça. De fato, esta é a postura em que dormem, muitas vezes aparecendo simplesmente como uma bola de penas, com a ponta da cauda projetando-se para fora da cabeça.
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