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Por que comemos sobremesa mesmo quando já estamos fartos?

Surpreendentemente, vontade de comer sobremesa após as refeições costuma estar ligada a um traço evolutivo da nossa espécie.

Você já se sentiu tão cheio durante uma refeição ao ponto de não conseguir dar sequer uma outra mordida? Em uma situação desse tipo, parece que o estômago vai explodir e, por um tempo, tudo fica um tanto desconfortável. Mas aí, o bolo de chocolate chega à mesa e de repente você se sente mais leve! De alguma forma, sempre há espaço na barriga para uma sobremesa saborosa, não é mesmo?

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Por mais estranho (e delicioso) que seja esse paradoxo, existe uma razão real para isso acontecer. Na verdade, um aspecto muito interessante de como evoluímos como espécie pode explicar esse tipo de momento misterioso à mesa de jantar, como veremos ao longo deste artigo.

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Foto: Pixabay

Entendendo o que é a saciedade sensorial específica

Imagine chegar em casa após um longo dia e ir diretamente à geladeira para comer sua comida favorita. Agora, imagine que você vai comer exatamente a mesma comida no dia seguinte. Quem não gostaria de comer sua refeição favorita dois dias seguidos? Agora, vamos esticar essa sequência para dez dias. Neste caso, o entusiasmo por aquela comida em particular vai começar a passar eventualmente.

Você seria capaz de comer exatamente a mesma comida todos os dias? Na verdade, você provavelmente ficaria entediado com aquela comida, a ponto de não ser mais sua comida favorita, não é mesmo? Pois bem, essa mesma ideia pode ser aplicada ao andamento de uma refeição normal.

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Depois de comer uma quantidade significativa da comida, você gradualmente começa a perder o interesse. No entanto, o que chama a atenção é que, apesar de “sentir-se satisfeito”, se um tipo diferente de alimento for introduzido, o novo alimento despertará seu interesse e uma nova “explosão” de combustíveis energéticos aumentará sua ingestão.

Esse mesmo fenômeno em que alguns tipos de alimentos se tornam cada vez mais desagradáveis, enquanto outros se tornam mais atraentes, é chamado de saciedade sensorial específica. Parte da comunidade científica argumenta que durante nosso processo evolutivo, a necessidade da ingestão de diferentes nutrientes passou a ser regra, de modo que a saciedade sensorial específica se manifestou como resultado disso.

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Em outras palavras, a saciedade sensorial específica mantém nosso interesse em uma variedade mais ampla de alimentos, o que garante que estejamos sempre consumindo diferentes tipos de comida.

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Foto: Pixabay

A relação entre a saciedade sensorial específica e a sobremesa

Depois de ler sobre a saciedade sensorial específica, você pode ter percebido que ela pode ser facilmente direcionada às sobremesas, mas por que isso acontece? Se este fenômeno promove uma variedade de alimentos diferentes, não deveriam todos os tipos de alimentos serem tão relevantes? Bem, embora a saciedade sensorialmente específica inclua vários tipos de alimentos, o papel do açúcar é muito importante nesse ambiente.

Como mencionado anteriormente, a saciedade sensorial específica trabalha com a ideia de aumentar o desagrado ou a simpatia com relação a determinados alimentos. Dito isto, se comer a mesma comida se torna repetitivo, o desagrado crescente é o que promove nossos gostos variados, assim como o gosto crescente de um novo alimento promove essa mesma tendência para a variedade.

Com isso em mente, percebe-se que o consumo de açúcar desencadeia a liberação de dopamina no cérebro, que faz parte do sistema de recompensa. Essa resposta ajuda a validar as decisões que você toma e nos incentiva a tomar essas mesmas decisões novamente.

Por exemplo, se você comer um biscoito, o sistema de recompensa do cérebro não só faz você se sentir melhor ao comer o biscoito, devido à liberação de dopamina, mas também dá vontade de comer mais biscoitos! Isso, combinado com a ideia de saciedade sensorial específica, mostra como a sobremesa pode desempenhar um papel importante na variedade que esse fenômeno estimula.

Desse modo, podemos dizer que sobremesa não é o único alimento que se enquadra na matriz agradável-desagradável dos gostos humanos, mas considerando como o corpo responde ao açúcar, torna-se um fator importante, dada a quantidade de espaço que aparentemente “guardamos” para a sobremesa.

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Foto: Pixabay

Uma palavra final

É interessante saber que até mesmo as menores escolhas que fazemos podem estar ligadas ao nosso passado evolutivo. Esse conhecimento pode favorecer o uso mais eficiente da saciedade sensorial específica, pois todos reconhecemos a importância de uma alimentação balanceada.

No mundo de hoje, onde a maioria das pessoas entende os benefícios de uma dieta balanceada, mas nem todos são capazes de alcançá-la, esse tipo de informação, além de nos ensinar mais sobre o nosso corpo, adiciona uma sensação de conforto, sabendo que temos esse tipo de alimentação balanceada ao nosso lado.

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No fim das contas, a relação da saciedade sensorial específica com a evolução é algo que demonstra claramente a ligação entre o passado e o presente. Essas informações nos ajudam a entendermos o nosso comportamento à mesa de jantar e a apreciar o longo e fascinante processo de evolução que nos trouxe até este ponto!

Muito interessante, não é mesmo? Se você gostou desse post, não se esqueça de compartilhá-lo! 😉

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