Por que a cor azul é tão rara na natureza?

Quando você olha para o céu ou contempla a extensão aparentemente infinita dos oceanos, pode pensar que a cor azul é bastante comum na natureza. No entanto, entre todas as tonalidades encontradas em rochas, plantas e flores, ou até mesmo nas pelagens, penas, escamas e peles de animais, o azul é surpreendentemente escasso.

Neste artigo, você vai descobrir que a resposta para o fato da cor azul ser tão rara na natureza decorre da química e da física de como as cores são produzidas – e como as enxergamos.

Como identificamos as cores

Somos capazes de ver cores porque cada um dos nossos olhos contém cerca de 6 milhões de células sensíveis à luz chamadas cones. Existem três tipos diferentes de cones no olho de uma pessoa com visão de cores normal, e cada tipo de cone é mais sensível a um determinado comprimento de onda de luz: vermelho, verde ou azul.

As informações de milhões de cones chegam ao nosso cérebro na forma de sinais elétricos que comunicam todos os tipos de luz refletidos pelo que vemos, que são então interpretados como diferentes tons de cor.

Quando você vê uma flor azul, como uma centáurea, você vê a centáurea nessa cor porque ela absorve as outras cores do espectro. Em outras palavras, a flor parece azul porque essa cor é a parte do espectro de cores que a flor rejeitou.

A explicação por trás da pouca oferta de flores na cor azul

Como explica Kai Kupferschmidt, autor do livro “Blue: In Search of Nature’s Rarest Color”, no espectro visível, o vermelho tem comprimentos de onda longos, o que significa que tem uma energia muito baixa em comparação com outras cores. Para uma flor parecer azul, ela precisa ser capaz de produzir uma molécula que possa absorver quantidades muito pequenas de energia, para absorver a parte vermelha do espectro.

Gerar essas moléculas (que são grandes e complexas) costuma ser difícil para as plantas, de modo que isso ajuda a explicar como as flores azuis são produzidas por menos de 10% das quase 300.000 espécies de plantas com flores do mundo.

Um possível fator para a evolução das flores azuis entre algumas plantas específicas é que a cor azul é altamente visível para agentes polinizadores como as abelhas. Sendo assim, a produção de flores azuis pode beneficiar as plantas em ecossistemas onde a competição por polinizadores é alta.

Animais azuis também são incomuns na natureza

A cor azul vista em alguns poucos animais não vem de pigmentos químicos. Em vez disso, ela depende da física. As borboletas de asas azuis do gênero Morpho, por exemplo, possuem nanoestruturas intrincadas e dispostas em camadas nas escamas de suas asas que manipulam camadas de luz para que algumas cores sejam “canceladas” e apenas o azul seja refletido.

Vale destacar que um efeito semelhante ocorre em estruturas encontradas nas penas de gaios-azuis (Cyanocitta cristata) e nas escamas de alguns peixes, como no caso do cirurgião-patela (Paracanthurus hepatus).

Tons de azul em mamíferos são ainda mais raros do que em pássaros, peixes, répteis e insetos. Algumas baleias e golfinhos têm a pele azulada; primatas como os macacos-dourados (Rhinopithecus roxellana) têm rostos de pele azul; Mas, ainda assim, o fato é que a pele, uma característica compartilhada pela maioria dos mamíferos terrestres, nunca é naturalmente azul brilhante (pelo menos não na luz visível).

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No fim das contas, a relativa escassez de azul disponível em pigmentos naturais parece ter alimentado nosso fascínio. De acordo com o LiveScience, a escassez do azul na natureza pode ter ajudado a moldar nossa percepção da cor e das coisas que parecem azuis. Talvez porque seja rara na natureza e talvez porque a associamos a coisas que não podemos realmente tocar, como o céu e o mar, a cor azul se tornou algo muito aberto a diferentes associações.

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