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Embora o termo “ciberataque” esteja atualmente associado à internet, sua origem remonta às primeiras décadas da era da computação, não da internet, ocorrendo nos anos 60 e 70.
Para compreender como o primeiro “ciberataque” se deu em 1834, em uma época em que a computação sequer existia, é preciso associar o termo não apenas à internet, mas à comunicação em geral. Formas como sinais de fumaça, faróis, luzes refletidas e até pombos-correio eram vitais para a comunicação a longa distância, mesmo desde tempos remotos. O avanço da sociedade demandou métodos mais eficientes para transmitir informações rapidamente.
O inventor Claude Chappe, em 1790, durante um período de guerra na França, concebeu uma solução brilhante: o telégrafo. Este sistema de comunicação em larga escala e alta velocidade consistia em uma rede nacional de torres interligadas, espaçadas a até 20 quilômetros de distância entre si. Cada torre possuía braços móveis que podiam ser girados, gerando quase 200 símbolos diferentes.
Apesar de sua eficiência, o sistema tinha suas limitações, como interrupções devido ao clima e perda de visibilidade em áreas extensas de água. Contudo, isso não impediu que a rede crescesse, espalhando-se por toda a França e, posteriormente, por outros países como Suécia, EUA, Canadá e Reino Unido.
Em 1834, os irmãos François e Joseph Blanc, banqueiros em Bordeaux, França, conceberam um plano para aproveitar a rede de telégrafo. Paris ditava o ritmo das negociações nas bolsas de valores de outras cidades, deixando-as em desvantagem. Os Blanc subornaram um operador de telégrafo em Tours, que recebia informações sobre as mudanças no mercado por meio de sinais de um cúmplice em Paris. O operador transmitia as informações até Bordeaux, onde eram lidas pelos irmãos e utilizadas para estratégias de negócio mais lucrativas.
O esquema dos Blanc prosperou por dois anos, até que o operador em Tours adoecesse e passasse o esquema para um amigo, que o denunciou às autoridades. Embora os banqueiros não tenham sido condenados devido à falta de leis na época, o episódio levou o governo francês a instituir regulamentos sobre o uso de meios de comunicação para fins privados sem consentimento do Estado.
O caso dos irmãos Blanc é um lembrete de que, com qualquer nova invenção, as pessoas encontrarão maneiras de usá-la de forma maliciosa. Este é um aspecto atemporal da natureza humana, que a tecnologia não pode ou deve corrigir.
