Você já deve ter visto nos noticiários que, recentemente, o vulcão Cumbre Vieja, localizado nas Ilhas Canárias, voltou à atividade depois de ficar 50 anos adormecido. Sua erupção causou grande destruição na ilha de La Palma, mas deixou bastante gente preocupada também no Brasil, pois surgiu a hipótese de que uma erupção em grande escala desse vulcão poderia causar um tsunami no território brasileiro.
Alguns especialistas logo trataram de esclarecer que as chances de ocorrer um tsunami no Brasil são remotas, pelo menos em um futuro próximo. Ainda assim, a verdade é que isso não quer dizer que esse fenômeno seja totalmente impossível de acontecer, até porque ele já ocorreu no longínquo ano de 1755, como veremos ao longo deste artigo.
O tsunami que atingiu o Brasil
Primeiramente, precisamos definir o que é e o que causa um tsunami. Basicamente, um tsunami é uma série de ondas de água causada pelo deslocamento de um grande volume de um corpo de água. A maioria dos tsunamis é causada por terremotos nos limites das placas tectônicas convergentes, mas eles também podem ser provocados por deslizamentos de terra, atividade vulcânica e até queda de asteroides.
No caso das ondas que atingiram o Nordeste brasileiro, elas foram causadas por um terremoto do outro lado do Atlântico. De acordo com a BBC News Brasil, quem relatou essa história e encontrou evidências do tsunami na costa brasileira foi uma equipe de pesquisadores do Centro de Pesquisas e Estudos sobre Desastres (Cepedes), tendo como base vários levantamentos históricos do professor Alberto Veloso, da UnB.
Na ocasião, o abalo que deu origem ao maremoto ocorreu em 1º de novembro de 1755, tendo o seu epicentro na cidade portuguesa de Lisboa e sendo o maior já registrado na Europa. A magnitude foi de 8,7 graus na Escala Richter, um valor mais que suficiente para causar uma catástrofe.
Os efeitos do tsunami de 1755
Os efeitos do tsunami de 1755 foram violentos. Além de destruir parte de Portugal, do sul da Espanha e do Marrocos, o terremoto de 1755 gerou enormes ondas no Oceano Atlântico, que atingiram diversos locais: da Irlanda ao Caribe e até no Brasil.
Foi no início da tarde daquele 1º de novembro que as ondas começaram a invadir algumas vilas na Região Nordeste do território brasileiro, como relatam cartas da época que foram resgatadas pelo professor Veloso.
Em regiões da Paraíba e em Pernambuco, acredita-se que as águas entraram até 5 quilômetros pela costa, com relatos de casebres sendo destruídos e duas pessoas ficando desaparecidas. Segundo as pesquisas da equipe do Cepedes, as ondas chegaram mais longe em locais banhados por rios, o que é algo bastante comum em eventos desse tipo.
Já em cidades como Tamandaré (PE), a inundação foi de 800 metros para dentro da costa, com ondas de até 1,9 metros de altura. Em Lucena (PB), as ondas foram ligeiramente menores (1,7 a 1,8 m) e a água chegou a 300 metros de inundação. Houve relatos de “mar revolto” até no Rio de Janeiro, mas nem perto de apresentar a mesma força que o evento ocorrido na costa nordestina.
Um fenômeno muito raro
Vale destacar que, para chegar a esses números, os cientistas do Cepedes, liderados pelo professor Francisco Dourado, fizeram várias simulações matemáticas para estimar como teria sido o tsunami e onde ele teria atingido a costa brasileira.
Com base em todos os dados obtidos, eles percorreram 270 quilômetros de 22 praias, da costa do Rio Grande do Norte até o sul de Pernambuco. Em uma praia na Paraíba, a equipe encontrou uma camada grossa de areia que seria uma amostra do tsunami que atingiu o território brasileiro.
Quanto à possibilidade de um novo tsunami acontecer novamente no Brasil, o professor Veloso sugere que elas são muito baixas. A baixa expectativa de ocorrência de um evento dessa magnitude tem a ver com o fato de que, para que isso aconteça, é necessário haver também um grande terremoto em algum lugar.
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Em tese, a erupção do vulcão nas Ilhas Canárias até poderia ser o estopim dessa catástrofe, porém é algo pouco provável. Na prática, a montanha inteira teria que vir abaixo de uma vez para movimentar uma quantidade grande o suficiente de água capaz de atingir a costa brasileira.
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