Em 30 de março de 1849, um grupo de homens brancos na Filadélfia abriu uma caixa de madeira. Dentro dela havia um homem negro chamado Henry Brown, um escravo da Virgínia que, por meios improváveis e engenhosos, tinha completado uma jornada de 27 horas rumo à liberdade.
A escapada do escravo Henry Brown rumo à liberdade foi uma façanha tão incrível que é considerada por muitos a fuga de escravo mais criativa da história. Ao longo desse artigo, nós vamos conferir os detalhes desse evento inusitado que felizmente teve um bom desfecho.
A dura vida de escravo de Henry Brown
Em sua autobiografia, Narrative of the Life of Henry Box Brown, Henry Brown relatou que era casado com uma escrava chamada Nancy e tinha três filhos com ela, mas seu casamento não era reconhecido legalmente. Brown vivia em Richmond, Virgínia, onde trabalhava em uma fábrica de tabaco. Ele também contou que pagava ao senhor de sua esposa uma certa quantia para que ele não vendesse sua família.
O grande problema é que o homem quebrou o acordo com Brown, vendendo Nancy e seus três filhos para um dono de escravos. Isso afetou Brown profundamente, levando o rapaz a pensar em alguma maneira de escapar da vida miserável que vivia.
Com a ajuda de James Smith, um homem negro livre, e um sapateiro branco chamado Samuel Smith (que não tinha nenhum grau de parentesco com James), Brown elaborou um plano para que ele próprio fosse transportado em uma caixa de madeira para um estado americano onde a escravidão já estivesse abolida.
A ideia era usar os serviços da transportadora Adams Express Company, conhecida por sua confidencialidade e eficiência. Na época, Brown pagou 86 dólares a Samuel Smith. Então, Smith foi à Filadélfia para consultar membros de uma sociedade anti-escravidão da Pensilvânia e esboçar o plano de fuga.
A execução do plano de fuga do escravo
Durante o encontro com os membros da organização, ficou decidido que a caixa seria enviada ao escritório do comerciante Passmore Williamson, que era um membro ativo do Comitê de Vigilância, um grupo formado por cidadãos particulares que buscavam administrar a lei e a ordem onde consideravam inadequadas as estruturas governamentais.
Então, o escravo foi colocado dentro de uma caixa de madeira que exibia as palavras “produtos secos”. A caixa estava forrada com um pano grosso de lã e carregava apenas uma pequena porção de água e alguns biscoitos. Havia um único orifício para o fluxo de ar, pregado e amarrado com tiras.
Durante a viagem, que começou em 29 de março de 1849, a caixa de Brown foi transportada por várias linhas férreas. Apesar das instruções na caixa que indicavam a necessidade de um manuseio cuidadoso, os transportadores colocaram a caixa de cabeça para baixo e a manusearam grosseiramente em vários momentos. Ainda assim, Brown não foi detectado.
A caixa foi recebida por membros do Comitê de Vigilância da Filadélfia em 30 de março de 1849. Quando Brown foi libertado, ele recitou um salmo da Bíblia que havia escolhido previamente para celebrar sua libertação.
O legado da fuga do escravo Henry Brown
Em pouco tempo, Brown tornou-se um orador bastante conhecido de grupos contrários à escravidão. Posteriormente, ele decidiu se mudar para a Inglaterra por questões de segurança, pois se tornara uma figura pública conhecida.
Em 1855, Brown se casou com uma mulher chamada Jane Floyd e começou uma nova família. Vinte anos depois, ele voltou com sua nova família para os EUA.
Henry Brown morreu de causas naturais em 1897, na cidade de Toronto, no Canadá.
Curiosamente, a fuga de Brown destacou o poder do sistema de entregas expressas da época, que usava uma variedade de ferrovias e embarcações para conectar as principais cidades americanas.
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Vale mencionar que a transportadora Adams Express Company era comumente escolhida por organizações abolicionistas porque a empresa prometia nunca olhar para o conteúdo das caixas que transportava.
Uma fuga de escravo realmente incrível, não é mesmo? Se você gostou desse post, não se esqueça de compartilhá-lo! 😉