Não há como negar que as zebras são, sem dúvida, uma das espécies mais exóticas e impressionantes do nosso planeta. No entanto, em meio a tanta exuberância, surgem também muitas perguntas sobre essas belas criaturas. Uma das mais interessantes é a seguinte: afinal, as zebras são brancas com listras pretas ou pretas com listras brancas?
Ao longo deste artigo, você vai ver que há muito tempo existe uma crença popular de que as zebras são animais brancos com listras pretas, mas através de estudos mais recentes, a tese contrária acabou ganhando mais força.
Afinal, as zebras são brancas ou pretas?
Na era medieval, as pessoas acreditavam que as zebras tinham corpos brancos com listras pretas. Uma das principais evidências sugeridas para essa conclusão era a zebra-de-grevy, espécie que tem a barriga toda branca.
À primeira vista, isso parece fazer sentido, afinal, o branco, sendo uma cor mais clara, seria a base para o preto, uma cor mais escura. No entanto, estudos recentes provaram o contrário. Na verdade, as zebras têm corpos pretos com listras brancas! De fato, os embriões de zebra são naturalmente pretos, sendo que as listras brancas aparecem somente durante o último estágio embrionário.
As células da pele da maioria dos animais (zebras e humanos incluídos) produzem um pigmento chamado melanina. Na prática, isso confere aos humanos a cor da pele e dos cabelos, e às zebras a sua cor preta. Porém, no caso das zebras, em vez de serem totalmente pretas, algumas células da pele são orientadas a não produzir melanina, dando origem às listras brancas que vemos.
As listras das zebras são formadas principalmente devido a um processo de pigmentação seletiva. As células melanocíticas da pele produzem os pigmentos que dão cor ao pelo, enquanto certos mensageiros químicos determinam quais melanócitos devem transportar a melanina para certos fios.
A pigmentação é controlada pela ativação ou inibição de genes específicos. No caso das zebras, as áreas com listras brancas são os locais onde o gene de pigmentação foi inibido. Em outras palavras, o preto é a cor real do pelo, enquanto que as manchas brancas são simplesmente as áreas com pouca ou nenhuma pigmentação. O fato de que a pele debaixo do pelo de uma zebra é preta apóia ainda mais essa conclusão.
Quais genes controlam a criação das listras?
Diferentes espécies de zebra podem ser identificadas por diferenças em seu padrão de listras. Essas diferenças nos padrões de listras têm a ver como as células se diferenciam, um processo em que as células-tronco se transformam em outras células com uma função específica. Durante esse desenvolvimento, conforme as células amadurecem em melanócitos, muitos genes são ativados ou desativados.
Dependendo de quando esses genes são ativados, os padrões de listras se formam de acordo. Uma pesquisa mostrou que quanto mais cedo o melanócito amadurece, mais grossas serão as listras da zebra. Este é um exemplo de heterocronia que, em termos simples, é a diferença no tempo e na duração da ativação e desativação de certos genes entre diferentes organismos.
Ainda assim, as vias moleculares e quais genes ficam envolvidos permanecem um mistério. Em 2016, no entanto, um estudo publicado na Nature sugeriu que é o gene denominado Alx3 que está envolvido na formação das listras. Os pesquisadores não estudaram o gene em zebras, já que são animais difíceis de manter em um laboratório, então optaram por roedores, mais especificamente uma espécie de rato africano listrado.
Embora as descobertas relacionadas ao gene Alx3 tenham sido feitas em roedores, evolutivamente falando, isso poderá ajudar os cientistas a determinar o propósito das listras, sejam elas em zebras ou em qualquer outra criatura.
Para que servem as listras das zebras?
Esta pergunta não tem uma resposta única e direta, pois existem várias hipóteses. Uma tese bastante difundida é que as listras funcionam como um artifício de camuflagem para enganar predadores como leões e hienas. Como as zebras se agrupam, os especialistas acreditam que a massa de listras pode confundir os predadores, agindo como uma ilusão de ótica e impedindo qualquer predador de atacar sozinho o rebanho.
Outra tese sugere que as listras podem ajudar esses animais na regularização da temperatura. As zebras com as listras mais proeminentes na região do torso geralmente vivem em regiões equatoriais, enquanto aquelas com listras menos proeminentes são comumente encontradas nas regiões mais frias. Esta distribuição geográfica apóia a tese proposta de que as listras funcionam como ferramentas reguladoras de calor.
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No entanto, a hipótese mais curiosa é a que sugere que as listras das zebras confundem moscas e outras pragas. Em 2019, pesquisadores japoneses pintaram vacas com tons de preto e branco e descobriram que as picadas de moscas foram reduzidas em 50%. Diante disso, eles propuseram que as listras servem como uma possível técnica de prevenção contra a propagação de doenças transmitidas principalmente pelas moscas tsé-tsé.
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