Zona Curiosa
Ao longo da realização da Copa do Mundo 2022, a expectativa é de que as temperaturas no Catar variem de 20°C a 30°C, já que o clima no país desértico tende a ser mais ameno nessa época do ano. Ainda assim, para lidar com as altas temperaturas, será necessário o auxílio de um engenhoso sistema de ar condicionado nos estádios.
Neste artigo, analisaremos como funciona a tecnologia que será indispensável para diminuição do calor nas arenas da Copa do Mundo do Catar.
Dr. Saud Ghani e sua importância no projeto
Em 2011, foi apresentado um projeto que usaria painéis solares para gerar eletricidade e energizar um sistema de resfriamento de ar que chegaria aos estádios através de perfurações localizadas embaixo dos assentos. Além disso, a cobertura inclinada proporcionaria sombra para grande parte dos estádios.
Apesar de funcional, o projeto precisava de mais desenvolvimento do ponto de vista financeiro e de sustentabilidade. Foi então que, com o torneio cada vez mais próximo, o Dr. Saud Ghani, professor de Engenharia Mecânica da Universidade do Catar, foi escalado para entrar em campo e desenvolver a tecnologia que vai, de fato, resfriar os estádios da Copa do Mundo de 2022.
Ghani acredita que a arquitetura dos estádios deve ser um elo positivo entre design e clima. Para ele, os prédios não devem trabalhar contra o clima, mas ser inteligentes e trabalhar com ele. Para tal, Ghani desenvolveu um sistema baseado em sustentabilidade, modularidade e funcionalidade para refrigerar estádios.
A elaboração da tecnologia que reduz as altas temperaturas dos estádios
O primeiro passo para garantir que o ar quente não entre nos estádios seria analisar suas formas aerodinamicamente para entender como o projeto poderia minimizar essa situação.
Durante o processo, vários modelos 3D foram construídos e testados usando lasers para analisar o fluxo de ar sobre os estádios. Também foram levadas em consideração algumas variantes, como número de espectadores e até mesmo a produção de suor estimada. Isso ajudou a definir as dimensões das aberturas superiores do estádio, otimizando sua forma para evitar a entrada de ar quente e proporcionar sombreamento.
Além disso, de acordo com Ghani, outros fatores também foram considerados; o estádio Al Bayt, por exemplo, tinha uma fachada mais escura. Ao trocá-la por uma de cor mais clara, houve uma mudança de 5°C na temperatura interna, uma variação muito proveitosa, já que estamos falando de uma nação cravada no meio de um vasto deserto.
A instalação de difusores e a consolidação do projeto
Após a otimização dos projetos arquitetônicos, o próximo passo foi o desenvolvimento do sistema de refrigeração em si, o que ocorreu por meio de uma importante descoberta de Ghani. Ele percebeu que não era necessário resfriar todo o estádio, pois o sistema poderia ser direcionado apenas para o gramado e ainda assim produzir efeitos nos assentos.
Como resultado, foi criado um sistema de refrigeração pontual, com foco nessas áreas específicas. Na prática, a ideia se materializa em difusores do tamanho de uma bola de futebol que sopram ar para o campo enquanto elementos menores, localizados sob o assento de cada torcedor, sopram ar na altura do tornozelo dos espectadores. Este sistema difusor tem um design funcional, não foi patenteado e poderá servir à comunidade científica em geral.
Estima-se que a tecnologia de resfriamento do Dr. Saud seja 40% mais sustentável do que as técnicas existentes. Os estádios só precisam ser resfriados duas horas antes de um evento, o que reduz o consumo de energia em comparação com outros métodos. Além disso, existe um sistema de “reciclagem do ar frio”, que é resfriado duas vezes antes de ser expelido para fora, reduzindo a absorção do ar quente externo.
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Ghani credita o sucesso do sistema de redução de altas temperaturas nos estádios da Copa à colaboração entre arquitetos e engenheiros, que trabalharam juntos desde a concepção do projeto. Essa parceria resultou na criação de uma tecnologia pioneira de refrigeração que já foi utilizada em outros projetos, como a praça Katara, também no Catar.
Uma tecnologia muito interessante, não é mesmo? Se você gostou deste post, não se esqueça de compartilhá-lo! 😉
