Alguns dos mistérios mais simples da vida podem ser os mais difíceis de resolver. Um desses mistérios, por exemplo, é tentar entender como os pássaros não caem dos galhos das árvores enquanto dormem.
Ao longo desse artigo, você vai descobrir como um pássaro adormecido consegue ficar preso a um galho de árvore mesmo quando está no meio de uma boa soneca.
Os pássaros dorminhocos não caem dos galhos porque contam com um “mecanismo de travamento”
Ao adormecer, o corpo de um pássaro passa por uma série de mudanças fisiológicas, sendo que uma delas é que seus músculos perdem a rigidez. Isso acontece como resultado da redução do controle cerebral sobre o movimento muscular. Obviamente, ficar perfeitamente equilibrado em um galho enquanto os músculos ficam moles não é fácil, mas os pássaros conseguem combater essa fraqueza “travando” as pernas.
Quando um pássaro se agacha, suas garras se dobram automaticamente e se agarram com força ao galho. Consequentemente, desde que a perna esteja esticada, as garras não se soltarão. Esse bloqueio ocorre porque, à medida que o joelho e o tornozelo da ave se dobram, um tendão flexor se estica, dobrando as garras.
O mecanismo de travamento das aves também ocorre porque o tecido que recobre o tendão tem superfície rugosa, embora seja lisa na maioria dos outros animais. Na prática, a superfície áspera cria atrito que ajuda a “travar” a perna no seu devido lugar.
Este “mecanismo de empoleiramento automático” é uma característica vista em muitas aves, permitindo que elas se agarrem a um galho sem se preocupar em perder o controle e cair. De fato, até mesmo os papagaios conseguem dormir pendurados de cabeça para baixo!
Nem todos os pássaros utilizam esse mecanismo
Vários estudos encontraram esse mecanismo em diferentes espécies de aves, mas um artigo publicado em 2012 descobriu que os estorninhos-malhados não usam o mecanismo de travamento quando dormem. Os pesquisadores observaram que eles dobram os joelhos apenas ligeiramente, não o suficiente para o mecanismo de travamento entrar em ação.
Durante o estudo, percebeu-se que os dedos dos pés das aves estavam em grande parte não dobrados, de modo que elas se equilibravam com o auxílio da parte central dos pés enquanto dormia. Além disso, eles descobriram que quando as aves eram anestesiadas, elas não conseguiam se equilibrar no galho.
Dito isto, tais resultados podem indicar que há mais coisas em jogo para manter uma ave estável durante o sono. Uma descoberta interessante sugere que isso pode ter algo a ver com os pássaros serem capazes de manter um hemisfério cerebral acordado e o fato de que eles têm ciclos REM curtos. Portanto, uma quantidade mínima de tensão muscular é necessária para que a ave se equilibre.
O grande obstáculo para compreender melhor toda essa questão é que existem poucas pesquisas conclusivas sobre como as aves se equilibram durante o sono e quais mecanismos neurais e fisiológicos operam esse comportamento.
Uma palavra final
O estudo do sono das aves tem seus próprios desafios. Os pássaros são animais diversificados, apresentando corpos, fisiologias e comportamentos que podem ser muito diferentes dependendo de quais espécies, gêneros ou famílias se estudam.
Da mesma forma, seus ciclos do sono diferem amplamente. Por exemplo, comparar como um avestruz dorme com o sono de um pardal ou flamingo seria tolice e provavelmente não seria nada conclusivo do ponto de vista científico.
Ainda assim, quando consideramos o mecanismo automático citado anteriormente, o fato é que a forma dos pés dos pássaro sempre entram em jogo. Os pés dos pássaros são adaptados para diferentes propósitos, portanto, a maneira como eles se agarram aos galhos das árvores podem apresentar características distintas.
Leia Também: Por que há tantos pombos nas grandes cidades?
Leia Também: Por que as aves tomam ‘banhos de areia’?
No fim das contas, ainda podemos não saber toda a história por trás dessa habilidade incrível, mas não há como negar o quão notável é o fato de que os pássaros realizam esse ato de equilíbrio todos os dias de uma forma tão eficaz!
Muito interessante, não é mesmo? Se você gostou desse post, não se esqueça de compartilhá-lo! 😉