No dia 19 de outubro, estreou nos cinemas brasileiros o aguardado filme “Assassinos da Lua das Flores”, a mais recente obra do renomado diretor Martin Scorcese. A data é emblemática, marcando exatamente o centenário de um evento que ficou gravado na história dos Osage como o “Reinado do Terror”, uma série de assassinatos enigmáticos que abalaram a nação no início da década de 1920.
Ao contrário do filme, que tem início com uma cerimônia fúnebre, o livro homônimo escrito pelo jornalista David Grann focaliza a história da família de Mollie Burkhart, uma mulher Osage (interpretada no filme pela talentosa atriz indígena Lily Gladstone) que era casada com Ernest Burkhart (papel desempenhado por Leonardo DiCaprio na produção cinematográfica).
Em 9 de março de 1923, Mollie planejava passar a noite na casa de sua irmã, Rita, mas teve que mudar seus planos devido à necessidade de levar James “Cowboy”, seu filho de dois anos, ao médico por conta de uma dor de ouvido persistente. Às 3h da manhã do dia seguinte, uma explosão devastadora na casa da irmã resultou na morte de Rita, de uma empregada e, quatro dias depois, de seu marido Bill Smith.
O “Reinado do Terror” e suas Origens
Esses assassinatos, que presumivelmente tinham Mollie como alvo, tiveram início alguns anos antes, quando sua irmã Nina faleceu de uma doença debilitante e misteriosa em 1918. Em maio de 1921 (o mês da Lua das Flores), Anna Brown, a irmã mais velha, foi encontrada morta em um campo. Poucos meses depois, a mãe delas, Lizzie, também faleceu, supostamente vítima de envenenamento.
Essa trama sinistra começou quando os Osage foram deslocados de suas terras ancestrais pelo governo dos EUA e adquiriram 600 mil hectares de terra para estabelecer um novo lar em uma região árida e pedregosa do nordeste de Oklahoma em 1872. Anos mais tarde, a descoberta de petróleo transformou os 2.229 membros da tribo em milionários.
Inicialmente, o filme de Scorcese tinha como base a investigação federal liderada por Tom White, papel destinado a DiCaprio. No entanto, após uma visita à nação Osage, o diretor optou por centrar a narrativa no relacionamento entre Mollie e Ernest.
Os Reais Assassinos da Lua das Flores
Quando começou sua pesquisa sobre os assassinatos em 2012 para o livro, o jornalista Grann teve uma revelação sobre quem era o principal culpado ao examinar uma foto de 1924 no Museu Nacional Osage. Ao procurar a diretora do museu, ele se deparou com o fragmento que faltava e ouviu: “O diabo estava bem ali, olhando friamente para a câmera”. Era William Hale (interpretado por Robert De Niro), o chefe político do condado e tio de Ernest Burkhart, marido de Mollie desde 1917.
Designado para conduzir as investigações em 1925 pelo então diretor do FBI, J. Edgar Hoover, o agente White (interpretado por Jesse Plemons) acusou Hale e Ernest como os principais suspeitos dos assassinatos. Em janeiro do ano seguinte, ambos foram presos e condenados à prisão perpétua.