No último dia 16, o Guinness World Records anunciou a Pepper X como a pimenta mais picante do mundo, desbancando a Carolina Reaper, que ocupava o posto por uma década. Originária dos Estados Unidos e desenvolvida pelo cultivador Ed Currie, responsável pela recordista anterior, a Pepper X alcançou impressionantes 2.693.000 unidades de calor Scoville (SHU), segundo testes realizados pela Winthrop University nos EUA. Esta escala, criada em 1912 pelo químico Wilbur Scoville, é a métrica padrão para medir a intensidade picante de uma pimenta.
A escala Scoville mede a concentração de capsaicina, o componente ativo responsável pela sensação de ardência ao entrar em contato com tecidos humanos, capaz até de liberar dopamina e endorfina no organismo. A capsaicina está concentrada na placenta, que reveste as sementes.
Comparativamente, a antiga campeã, Carolina Reaper, registrou 1.641.183 SHU, mais de 1 milhão de unidades de calor a menos do que a nova detentora do título. Para efeito de comparação, a jalapeño, considerada picante, varia entre 3.000 e 8.000 SHU, segundo o Guinness.
Para criar a pimenta com a classificação mais alta já registrada na escala Scoville, Ed Currie dedicou cerca de 10 anos. Durante esse período, ele conduziu inúmeras experiências com o condimento, incluindo cruzamentos com espécies igualmente picantes, como a Carolina Reaper, com o objetivo de elevar o teor de capsaicina na versão final.
O desenvolvimento de novas variedades de pimentas é um processo longo e complexo, pois as características desejadas geralmente demoram várias gerações para se estabilizarem, resultando em frutos consistentes. Por isso, manter o projeto em segredo foi fundamental para o sucesso da Pepper X.
Por conta disso, o cultivador experiente manteve o desenvolvimento da Pepper X em total sigilo. Apenas um número muito restrito de pessoas tinha conhecimento sobre sua criação em uma fazenda na Carolina do Sul (EUA), da mesma forma que o número de provadores da iguaria também foi mantido reduzido.
06Essa abordagem foi reforçada pelos problemas enfrentados pelo especialista com a antiga recordista. Acredita-se que aproximadamente 10 mil produtos utilizem o nome Carolina Reaper sem autorização.
Para evitar o roubo de sua propriedade intelectual e o uso indevido da marca, Currie optou por não disponibilizar publicamente os frutos e as sementes da Pepper X. Dessa forma, a experiência de provar a pimenta mais picante do mundo só será possível através de molhos produzidos com ela.
O próprio criador, uma das cinco pessoas que já provaram a Pepper X, afirmou ter sentido a ardência por três horas e meia, além de ter enfrentado fortes cólicas após consumi-la. Ele alertou em uma entrevista à Associated Press: “Fiquei deitado por aproximadamente uma hora, na chuva, gemendo de dor”.