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A Época Dourada da Pirataria, geralmente estimada entre 1650 e 1730, serviu de palco para o surgimento de elementos que logo seriam adicionados ao folclore em torno dos piratas. Algumas das coisas ditas sobre os piratas são meras histórias míticas, mas outras são coisas que realmente aconteceram. Hoje, vamos dar uma olhada em uma das coisas atribuídas aos piratas: ter ganchos nas mãos.
Essencialmente, a utilização de um gancho até aparentaria ser uma escolha razoável para um pirata que teve o azar de perder uma das mãos, pois seria uma solução simples e também uma opção mais barata do que os métodos mais convencionais. Mas será que os piratas realmente usavam ganchos como próteses?
A busca pela relação entre piratas e ganchos
Como explica o Business Insider, muitos piratas sofriam percalços em meio à vida em alto mar, quer fosse por tempestades, acidentes em navios ou por, obviamente, batalhas sangrentas. Ainda assim, é improvável que alguns piratas possam ter usado ganchos para substituir membros que perdiam por conta dos “obstáculos” que enfrentavam rotineiramente.
Segundo o Harreira, talvez a única história com menção ao uso de ganchos em substituição às mãos remonte ao ano de 1500, envolvendo o capitão Oruç Reis, também conhecido como Baba Aruj ou Barbarroja pela cor de sua barba. Esse famoso pirata turco trabalhou para o Império Otomano no Mar Mediterrâneo na década de 1550. Diz-se que junto com seu irmão (Capitão Barbarosa), eles eram os piratas mais temidos e famosos de todo o Mar Mediterrâneo.
Durante uma das pilhagens, supõe-se que o capitão Oruç teria perdido parte do braço, que foi posteriormente substituído por um gancho de metal por um médico no Egito. Após a substituição do braço perdido pelo gancho de metal, o capitão teria continuado sua conquista das ilhas e do resto do mar Mediterrâneo tendo o gancho de metal como membro. Esse relato, porém, carece de evidências confiáveis.
A possível motivação por trás da escolha (pra lá de específica) dos ganchos
O auge da pirataria se deu em uma era muito anterior à invenção dos antibióticos, de modo que quaisquer feridas eram perigosas, independentemente do dano aparente. O que isso significa é que muitas das fraturas expostas de ossos quebrados e até mesmo de simples quedas seriam facilmente infectadas, sendo que os “protocolos” médicos da época recomendariam a amputação como a única maneira de salvar a vida dos pacientes.
A situação era agravada pelo fato de não haver anestesia, o que significava que a cirurgia de amputação era sempre feita com o paciente acordado, agitado e delirante. Para os pobres, a perda do membro seria uma correção permanente, mas se você fosse rico, equipes de médicos e até artesãos habilidosos se uniriam para criar a solução mais estética possível, o que culminaria no desenvolvimento de próteses medievais.
Nos anos 1600, os médicos da época descobriram que um membro decepado poderia ser facilmente “esculpido” durante a amputação, tornando o membro mais adaptável para receber a prótese. Para as mãos, o gancho metálico até poderia ser considerado a melhor prótese a ser utilizada, dado o seu formato. Entretanto, é impossível afirmar isso com alguma convicção.
Uma palavra final
Com tudo isso em mente, a história dos piratas usando ganchos para substituir mãos amputadas não parece ser verdadeira, mas se realmente foi, certamente era algo muito raro. Perder um braço ou uma perna costuma resultar em grandes limitações físicas, de modo que o pirata não seria um lutador tão capaz quanto uma pessoa com dois braços e pernas, mesmo que ainda utilizasse ganchos para esse fim.
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Vale destacar que foi somente em meados de 1700 que os membros artificiais esculpidos em madeira leve se tornaram uma prótese relativamente comum. O uso generalizado de membros artificiais, por sua vez, tornou-se popular através da Guerra Civil Americana.
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