Se você já assistiu a filmes, desenhos animados e séries sobre piratas, já deve ter visto alguma cena na qual um prisioneiro é obrigado pelos saqueadores a caminhar sobre uma prancha. A prática sempre consiste na vítima ser forçada a caminhar até o fim de uma viga de madeira projetada ao lado de um navio, levando a pessoa em questão a cair dentro da água para se afogar.
Essa é uma suposta forma de punição que os contadores de histórias têm mencionado há muito tempo e que, com o passar do tempo, também acabou ganhando espaço no mundo do entretenimento. Mas, afinal de contas, será que os piratas realmente utilizavam esse método de execução?
O relato mais antigo sobre caminhar na prancha
Quando se trata de descobrir detalhes do passado, a primeira coisa que devemos fazer é buscar fontes históricas. Pois bem, uma das evidências mais antigas sobre esse assunto vem de um livro da língua inglesa que retratava as aventuras marítimas dos piratas e seu estilo de vida.
Denominado “A General History of the Pyrates”, essa obra foi originalmente publicada em 1724 por um autor que trabalhava sob o pseudônimo “Capitão Charles Johnson”. O texto afirma que nos tempos antigos da época romana os piratas do Mediterrâneo ofereciam liberdade aos prisioneiros de uma forma um tanto cruel.
Segundo o livro, os piratas obrigavam o prisioneiro a saltar da prancha, de modo que se eles saíssem vivos (o que era praticamente impossível de acontecer em alto-mar), estariam completamente livres para viver as suas vidas.
Relatos incompletos levantam questionamentos sobre a prática
Apesar da informação que consta no livro citado, a maioria dos outros relatos daquela época sobre o ato de caminhar na prancha são, na melhor das hipóteses, bastante incompletos.
De acordo com o History, antes de sua execução em 1769, um marinheiro chamado George Wood chegou a confessar que forçou pelo menos um prisioneiro a fazer isso. Só que, curiosamente, Wood não era um pirata, mas um marinheiro comum.
Cinquenta e três anos depois, uma testemunha ocular escreveu que o capitão britânico William Smith havia sido capturado por alguns piratas como prisioneiro. Segundo a testemunha, uma tábua foi colocada ao lado da escuna, sobre a qual eles fizeram o capitão Smith andar, de modo que quando ele se aproximou do fim da estrutura de madeira, os piratas inclinaram a prancha, derrubando-o no mar”.
Então, o que podemos concluir a partir de tudo isso?
Por causa de toda essa falta de evidências concretas, a maioria dos historiadores conclui que, embora esse tipo de execução tenha existido, sua aplicação era muito rara. Ao invés disso, muitos prisioneiros provavelmente eram mantidos vivos como reféns, o que beneficiaria muito mais os piratas em casos de possíveis chantagens.
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No fim das contas, a maior parte dos piratas não se preocuparia em utilizar um meio tão elaborado (e suscetível a percalços) de se livrar de seus prisioneiros. Já aqueles piratas que gostavam particularmente de torturar suas vítimas (como Edward Low) provavelmente preferiam métodos mais duradouros.
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