Todo mundo já sabe que a madeira é uma matéria-prima versátil o suficiente para permitir a produção de inúmeras coisas. Dito isto, é interessante pensarmos que as madeiras em geral são multifuncionais ainda que sejam “pouco maleáveis”, afinal, é impossível derreter a madeira como fazemos com um pedaço de plástico, por exemplo. Mas por que exatamente a madeira não derrete?
Bem, a resposta para essa pergunta certamente tem a ver com a composição química da madeira, que é diferente daquela de qualquer outro sólido uniforme, como veremos ao longo deste artigo.
A principal razão pela qual a madeira não derrete
Você já deve saber que os sólidos se dissolvem em líquidos a uma temperatura específica e, após um aquecimento posterior, o líquido acabará se transformando em um gás. Entretanto, um equívoco comum que muita gente comete é pensar que todo objeto duro e robusto é necessariamente um sólido “puro”, o que não é o caso quando se fala em termos científicos.
Cientificamente falando, os sólidos são substâncias puras com redes bem espaçadas. Em outras palavras, os sólidos são substâncias compostas de ligações intermoleculares constantes em toda a sua forma.
A madeira, por outro lado, é um sólido composto de moléculas de água, lignina e celulose (todos eles compostos orgânicos de cadeia longa), que ficam fortemente unidos em ligações químicas complexas, cada uma com seus pontos de fusão exclusivos.
Como consequência, queimar um pedaço de madeira vaporizará as moléculas de água primeiro, levando ao emaranhamento das ligações de celulose e lignina. Essas moléculas, então, vão reagir com o oxigênio atmosférico para criar o icônico carvão negro, ao invés de uma mistura derretida.
Com tudo isso em mente, podemos dizer que a madeira não derrete porque é composta de uma infinidade de compostos muito diferentes, entre si cada um com diferentes temperaturas nas quais eles derretem; então, ao contrário dos metais, a madeira queima em vez de derreter.
A diferença entre derreter e queimar
Talvez você possa pensar que, se queimarmos um pedaço de madeira no vácuo, longe de todos os obstáculos atmosféricos, cada componente derreterá em seu próprio ponto de fusão, resultando em uma massa derretida de madeira. No entanto, este não é o caso.
Embora as moléculas de água e qualquer matéria volátil evaporem no vácuo, as extensas fibras de celulose inibem fortemente a transição da madeira para a fase líquida. Em vez disso, o calor fornecido à tora de madeira quebraria as fracas ligações de carbonila da celulose, deixando para trás metano e compostos orgânicos contendo carbono e hidrogênio, carvão e dióxido de carbono.
Vale destacar que a fusão é um processo de mudança do estado da matéria da fase sólida para a fase líquida a uma temperatura constante. Essa temperatura é seu ponto de fusão em condições de pressão particulares, um ponto que é único para cada substância. A composição química e, portanto, a fórmula molecular da substância permanece a mesma durante essa mudança de estado.
Porém, em nosso experimento hipotético, estamos “queimando” a madeira. A queima é essencialmente um método para oxidar uma substância. A substância interage com o oxigênio (na maioria dos casos), formando um novo composto. Esta nova substância tem uma fórmula molecular diferente em comparação com a nossa substância original e pode ter uma aparência e um conjunto de propriedades físicas completamente diferentes.
No campo hipotético, derreter madeira até seria possível
Hipoteticamente falando, é possível derreter madeira usando meios alternativos. Na pressão e temperatura padrão, o ponto de fusão do carbono é 3500 graus Celsius. Dito isto, se este ponto de fusão for reduzido a uma determinada temperatura (alcançada experimentalmente por manipulação de pressão), a madeira “pode” ser capaz de derreter.
Observe a ênfase na palavra “pode”, pois como você acabou de aprender, as conclusões hipotéticas, embora convincentes, são sempre muito diferentes dos fenômenos experimentados no mundo real.
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Embora sejamos tecnologicamente capazes de gerar as condições de laboratório descritas acima, nunca houve qualquer experiência publicada ou artigos de pesquisa testando essa hipótese. Então, até que esse ponto seja alcançado, só podemos concluir que a madeira não pode ser derretida (pelo menos não até agora).
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