Por que as pessoas gostam de fofocas?

Não é preciso pensar muito para perceber que as pessoas que adoram fofocar não são apenas as donas de casa estereotipadas que compartilham as informações da vida alheia em seus momentos de lazer. Na verdade, as fofocas estão bastante enraizadas na vida cotidiana da sociedade moderna. Ainda assim, o fato é que embora seja muito comum, esse comportamento costuma ser visto como algo desagradável e até imoral.

De certo modo, todos nós sabemos que fofocar é “errado”, ao mesmo tempo em que ninguém quer parecer malicioso. Então, por que será que os seres humanos gostam tanto de fofocas? O que torna esse comportamento tão popular entre a nossa espécie?

Analisando por que as pessoas gostam de fofocas

Antes de analisarmos a questão central, precisamos definir o que é fofoca. Pois bem, de um modo geral, podemos considerar a fofoca como o compartilhamento de informações pessoais ou privadas sobre alguém que não está presente. Na maioria dos casos, essas informações são negativas e embaraçosas para a pessoa que está sendo falada, pois são geralmente tratadas de uma forma sensacionalista.

Com isso em mente, podemos dizer que existem várias motivações por trás de tantas fofocas. Como explica o Psychology Today, algumas pessoas fofocam numa tentativa de se vingar de alguém. Isso ocorre porque as pessoas que não gostam de um mesmo indivíduo normalmente procuram outras pessoas que compartilham uma antipatia mútua pelo alvo em questão. Sendo assim, as conversas subsequentes centram-se em avaliações negativas dessa pessoa.

No entanto, a maioria das pessoas parece gostar de fofocas porque o ato de fofocar se torna agradável pela sensação de poder que lhes dá. Falar sobre outras pessoas dá ao indivíduo uma espécie de “sensação de alívio” porque ele não está passando pelas mesmas calamidades.

As pessoas também gostam de fofocar porque isso lhes dá a sensação de que possuem informações secretas sobre outro indivíduo, o que lhes dá uma sensação de poder. Para exibir seu poder e reforçar seus egos, as pessoas devem compartilhar as informações com outros indivíduos. Em outras palavras, se conhecimento é poder, a fofoca é um poder turbinado.

Os efeitos das fofocas no cérebro

Em um estudo de 2015 liderado pela cientista chinesa Xiaozhe Peng, foram analisadas imagens cerebrais de homens e mulheres enquanto ouviam fofocas positivas e negativas sobre si mesmos e sobre celebridades. Ao longo da pesquisa, foi constatado que as pessoas que ouviram fofocas positivas ou negativas sobre si mesmas mostraram mais atividade no córtex pré-frontal de seus cérebros, o que ajuda os seres humanos a navegar por comportamentos sociais complexos.

Esse tipo de reação também ocorreu quando os participantes ouviram fofocas negativas em geral e ajudou a demonstrar que as pessoas buscam se encaixar socialmente, de modo que sempre querem que os outros as vejam de uma forma positiva.

O estudo também descobriu que o núcleo caudado, o centro de recompensa no cérebro, é ativado em resposta a fofocas negativas sobre celebridades, o que demonstra como escândalos obscenos de celebridades despertam o interesse das pessoas.

Previsivelmente, o estudo mostrou que as pessoas se sentiam mais felizes quando ouviam fofocas positivas sobre si mesmas e se sentiam mais agitadas quando ouviam fofocas negativas sobre suas vidas. Como a fofoca é recompensada mentalmente, as pessoas continuarão a falar negativamente sobre os outros, mas sempre ficarão irritadas quando ouvirem comentários negativos a seu respeito.

Uma palavra final

Embora a fofoca seja tipicamente vista como algo negativo, malicioso e destrutivo, é inegável que ela tem servido ao longo da história humana como uma ferramenta para unir grandes grupos sociais. De fato, ela também permite que as pessoas troquem informações sobre as mudanças que ocorrem em suas próprias sociedades.

Uma das principais razões pelas quais a fofoca adquiriu uma reputação tão negativa é porque ela costuma ser usada para caluniar pessoas das quais se desaprova, muitas vezes motivos minimamente racionais. Por conta disso, acabamos ficando sem condições de diferenciar as informações genuínas das depreciativas.

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Além disso, a fofoca pode levar à desconfiança e tornar-se especialmente desagradável quando percebemos que aquele que fofoca conosco também é capaz de fofocar sobre nós. Desse modo, o ar de suspeita em torno dos “fofoqueiros de carteirinha” impede a construção de uma conexão duradoura com eles, já que não nos sentimos seguros em confiar-lhes assuntos mais íntimos.

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